Novo ministro da Defesa foi monitorado pelo regime militar
Relatório secreto do SNI mostra que José Múcio foi investigado pela Receita e teve a vida bisbilhotada por agentes da repressão durante a ditadura

Durante a ditadura militar, poucos eram os políticos ou autoridades imunes à bisbilhotagem dos órgãos de repressão do governo. Nessa época, José Múcio Monteiro, o novo ministro da Defesa, era executivo de uma usina que pertencia a seu primo, Armando Monteiro, ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio da presidente Dilma Rousseff.
Relatório secreto do Serviço Nacional de Informações (SNI), de 1979, mostra que o órgão acompanhava de perto todas as investigações da Polícia Federal e da Receita sobre os negócios de grandes grupos junto ao Banco do Nordeste.

O documento acima trata de uma denúncia de uma suposta sonegação de tributos praticada pela Companhia Geral de Melhoramentos (CGM). De acordo com os agentes, a Polícia Federal estaria investigando irregularidades na usina Cucaú, em Pernambuco, que pertencia à CGM. Por conta disso, a Receita teria resolvido fiscalizar todos os diretores da empresa — um deles era José Múcio Monteiro.

Em um segundo relatório da Receita enviado ao SNI, o órgão informou que tinha concluído a fiscalização sobre José Múcio , sem encontrar qualquer irregularidade.
Após o fim do regime militar, o ministro continuou sendo monitorado pela inteligência do governo. Em 1987, foram feitos vários relatórios sobre a disputa pelo governo de Pernambuco. Os arapongas, por alguma razão, continuavam interessados em Múcio, que, no ano seguinte, foi derrotado nas urnas por Miguel Arraes.