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Nova guerra da vacina: vídeos anti-Coronavac atraem 15 milhões no YouTube

Segundo a FGV/DAPP, no total, o assunto foi tema de posts vistos por mais de 25 milhões em outubro, a maioria com desinformação e xenofobia contra a China

Por Redação
Atualizado em 2 nov 2020, 17h35 - Publicado em 2 nov 2020, 16h58

O ano era 1904. Moradores do Rio de Janeiro contrários à campanha de vacinação obrigatória contra a varíola, determinada pelo sanitarista Oswaldo Cruz, foram às ruas da cidade para enfrentar as tropas de segurança no episódio que ficou conhecido como Revolta da Vacina. Transcorrido mais de um século, o Brasil enfrenta uma nova rebelião contra um imunizante. Dessa vez, a batalha se dá na esfera digital e se baseia numa campanha maciça de desinformação e de xenofobia. No centro do embate está o desenvolvimento da vacina CoronaVac pelo Instituto Butantan, de São Paulo, a partir de insumos chineses, e o plano do governador paulista, João Doria (PSDB), de tornar obrigatório o seu uso pela população do estado.

Segundo um levantamento realizado entre os dias 1º e 27 de outubro pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV/DAPP), especialista no monitoramento da internet, as redes sociais se tornaram um palco privilegiado para a propagação de discursos negacionistas, teorias conspiratórias e campanhas contra a vacinação, boa parte delas baseada em mentiras e desinformações.

Em sua maioria identificados como apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que tem dito que não comprará a vacina mesmo que ela seja aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em razão de sua origem chinesa e que criticou Doria por querer tornar a vacinação compulsória em São Paulo, os usuários contrários à CoronaVac foram capazes de obter 15 milhões de visualizações com vídeos no YouTube que descredenciam a Coronavac.. No total, 5.300 vídeos sobre o tema foram identificados na rede social, com 23,5 milhões de visualizações, o que mostra, segundo a FGV;DAPP, que canais não jornalísticos e de viés conservador são mais influentes na discussão do que veículos de imprensa profissional. 

A discussão sobre a vacina também movimentou 2 milhões de postagens no Twitter durante o período estudado, sendo que a predominância nesse embate foi de perfis que fazem campanha contra o imunizante. Os usuários alinhados com o governo Bolsonaro representam apenas 24% de todo o universo de contas que discutiram o tema, mas registraram 56% das interações com postagens sobre o assunto. Além de descredenciar o imunizante, são frequentes as postagens com xingamentos de cunho xenófobo contra os chineses. Embora os opositores a Bolsonaro sejam a maioria dos perfis a entrar no debate, com 47% de contas defendendo a ampla utilização da vacina, o alcance das publicações é consideravelmente menor do que o registrado pelos bolsonaristas, sendo de apenas 32% das interações totais.

Manifestação

No domingo, 1°, centenas de manifestantes fizeram um ato na Avenida Paulista, em São Paulo, contra o governador João Doria (PSDB), a obrigatoriedade de vacinação contra a Covid-19 e com muitas faixas e palavras de ordem contra a China e a Coronavac (que chamavam de “vachina”). Boa parte dos manifestantes não usava máscara. Políticos bolsonaristas, como o deputado estadual Douglas Garcia (PTB) e a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), lideraram o ato. No final da tarde, o protesto chegou a fechar a via nos dois sentidos.

Em nota, o governo de São Paulo disse que “prioriza a medicina e a ciência” e que “respeita o direito democrático à livre manifestação”, “mas lamenta que o obscurantismo ideológico insuflado por uma minoria raivosa em redes sociais seja usado para espalhar pânico e desinformação”.

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