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Nos EUA, Mourão diz que Bolsonaro precisa abandonar discursos extremados

Segundo ele, presidente foi aconselhado a deixar de governar para poucos, a não incentivar a polarização e a mudar a sua articulação política no Congresso

Por Da Redação 6 abr 2019, 23h01

Em evento privado em Boston, nos Estados Unidos, o vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) está ciente de que é preciso deixar de lado discursos extremados e polarizados. Segundo três fontes presentes ao encontro, Mourão defendeu que o governo não caia em tentativas de polarização pela oposição.

Confrontado por presentes no encontro se não era o próprio presidente quem adotava uma retórica polarizada, Mourão disse que Bolsonaro foi aconselhado por seu entorno a deixar de governar para poucos e a tendência atual é de que isso aconteça.

Em entrevista a jornalistas, Mourão afirmou que Bolsonaro adotou uma nova linha de atuação com o Congresso para tentar aprovar a reforma da Previdência e definiu o ‘apagão’ na articulação política como um processo de ensaio e erro. “Isso faz parte do jogo político, é um processo de ensaio e erro realmente. Ou a gente se rende àquela coalizão que era feita antigamente, e o presidente não quer fazer isso, ou tentamos novas formas e é dessa maneira”, disse.

Segundo Mourão, o presidente chegou à conclusão de que a tentativa de negociar com as bancadas temáticas – como a ruralista e a evangélica, que o apoiaram na eleição – não funcionou e agora “partiu para uma outra linha de ação”. “Vamos tentar o diálogo com os diferentes partidos.”

Ele minimizou os problemas e disse que são consequência de o governo não ter base no Congresso logo após as eleições. “O presidente não construiu base como a gente estava acostumado a ver nos governos anteriores. A nossa base era muito frágil. O PSL, como disse o Santos Cruz (ministro da Secretaria de Governo), era um partido das redes sociais. O meu partido, PRTB, é pequeno, não conseguiu eleger ninguém. Não tínhamos base”, afirmou.

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Imigrantes brasileiros

O vice-presidente também participou de uma agenda de aproximação do governo com imigrantes brasileiros que vivem nos Estados Unidos e afirmou que o presidente Jair Bolsonaro se sente “extremamente satisfeito” com a comunidade que vive no exterior.

A agenda acontece menos de 20 dias depois de Bolsonaro pedir desculpas aos imigrantes após uma fala à emissora de TV Fox News. Na entrevista, o presidente disse que a maioria dos imigrantes que se mudam aos EUA “não tem boas intenções”.

Dias antes, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL) afirmou que imigrantes brasileiros ilegais são “uma vergonha” para o País.”Ilegal é a pessoa que não está respeitando a lei, mas em algum momento eles estão aqui buscando uma legalização”, afirmou Mourão, sem comentar as declarações de Bolsonaro e do filho.

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Questionado sobre a proposta de Donald Trump de construção de um muro na fronteira com o México, Mourão perguntou aos jornalistas se Bolsonaro é favorável. Ao ouvir que o presidente defendeu a proposta à Fox, o vice-presidente afirmou: “Se o presidente apoia, eu também apoio.”

Bolsonaro foi o candidato mais votado em todas as cidades onde brasileiros foram às urnas nos Estados Unidos. O vice-presidente não comentou a declaração de Bolsonaro sobre os imigrantes. Segundo ele, não é ético comentar declaração de presidente.

Crise na Venezuela

Outro tema do encontro foi a crise na Venezuela. Mourão foi crítico à insistência dos Estados Unidos para entrada de ajuda humanitária no país vizinho. Os EUA e a comunidade internacional esperavam que isso antecipasse o fim do regime de Nicolás Maduro, o que não aconteceu.

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Para Mourão, o processo foi mal gerido e mal executado, segundo fontes presentes ao encontro. Os militares rechaçam a possibilidade de qualquer apoio brasileiro a uma eventual decisão dos EUA de intervenção militar na Venezuela.

Mourão afirmou aos presentes que o papel do Brasil não é de pressão econômica – algo que, segundo ele, só cabe aos Estados Unidos fazer. Os EUA têm adotado sanções econômicas contra integrantes do governo de Maduro.

Para o vice-presidente, os países da América Latina demoraram demais a forçar pelas vias diplomáticas uma transição democrática na Venezuela. Ele reforçou que o Brasil seguirá na pressão diplomática.

(Com Estadão Conteúdo)

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