Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Nikolas Ferreira é aposta do PL para se consolidar entre conservadores

Mirando o eleitorado jovem, o partido joga suas fichas na postura polemista do deputado federal mais votado em 2022

Por Leonardo Caldas Atualizado em 4 jun 2024, 11h07 - Publicado em 31 mar 2023, 06h00

No Dia Internacional da Mulher, o deputado Nikolas Ferreira subiu à tribuna usando uma peruca, se apresentou como “deputada Nikole” e fez um discurso considerado transfóbico. A lei caracteriza como crime e prevê até cadeia para quem pratica, induz ou incita qualquer tipo de discriminação. O parlamentar explicou que, ao decidir fazer a performance — ridícula, para dizer o mínimo —, seu objetivo era apenas o de criticar os movimentos feministas e o teor de algumas propostas de inclusão social de pessoas trans. A reação foi imediata. O PSOL ingressou com uma representação no Conselho de Ética pedindo a cassação do deputado. O presidente da Câmara, Arthur Lira, repreendeu publicamente o colega: “O plenário não é palco para exibicionismo e muito menos discursos preconceituosos”, disse. Os movimentos que defendem os direitos das minorias foram ao Supremo Tribunal Federal contra o congressista. Já o PL, o partido de Nikolas, viu no histrionismo — principalmente na repercussão que ele teve — uma excelente oportunidade.

VITRINE - Michelle: a ex-primeira-dama vai cumprir agenda em todo o Brasil com a missão de filiar mulheres ao partido
VITRINE - Michelle: a ex-primeira-dama vai cumprir agenda em todo o Brasil com a missão de filiar mulheres ao partido (Evaristo Sá/AFP)

Celebridade digital e filho de um pastor evangélico, Nikolas é, ao lado de Michelle Bolsonaro, uma das principais armas da legenda para consolidar o PL como o maior partido conservador do país. A ex-primeira-dama já atua como referência feminina. O deputado, que tem 26 anos, exercerá o mesmo papel, só que mirando o eleitorado mais jovem. A sigla, inclusive, já está rascunhando uma agenda que prevê um giro de suas novas estrelas pelas capitais onde o PL pretende lançar candidatos em 2024, com foco nas regiões Sul e Sudeste, onde o bolsonarismo reúne grande contingente de simpatizantes. A ideia é que ambos, ao lado do ex-­presidente Jair Bolsonaro, que retornou ao Brasil na última quinta-feira, participem de grandes atos políticos. Os liberais estimam que, com isso, podem triplicar o número de prefeituras e conseguir eleger pelo menos dois vereadores em cada um dos mais de 5 000 municípios do país. No desembarque do capitão, aliás, Nikolas ocupava um lugar de destaque.

O parlamentar é dono de algumas marcas que impressionam. No ano passado, ele recebeu 1,4 milhão de votos, cifra que lhe valeu o status de deputado mais votado do país e o terceiro lugar no ranking dos mais votados da história. Com colocações mais espertas do que outros ícones do radicalismo, como as deputadas Bia Kicis e Carla Zambelli, seus perfis na internet já registram mais de 10 milhões de seguidores e se tornaram um cobiçado instrumento eleitoral. “Em cada capital, quero pegar pelo menos dois jovens combativos e apresentá-los como os meus candidatos”, disse ele, lembrando que exigirá dos escolhidos apenas o compromisso com a pauta contra o aborto, a ideologia de gênero ou qualquer coisa defendida pela esquerda. Fã de Jair Bolsonaro — “uma pessoa que sacrificou a própria vida pelo Brasil” —, Nikolas segue seu ídolo na estratégia de criar polêmicas. No auge da pandemia, comparou a exigência da carteira de vacina ao nazismo. Como vereador, foi processado por uma deputada trans porque insistia em se referir a ela como “ele”.

EXAGERO - Discurso no Dia da Mulher: performance de mau gosto e acusação de transfobia
EXAGERO - Discurso no Dia da Mulher: performance de mau gosto e acusação de transfobia (Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)
Continua após a publicidade

O PT chegou a discutir seu endosso à abertura de um processo contra o deputado no caso da peruca, mas recuou depois de avaliar que o movimento embutia o risco de vitimizar e dar ainda mais visibilidade ao parlamentar. Por outros caminhos, foi exatamente o que aconteceu na terça-feira 28, durante uma audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), convocada para ouvir o ministro da Justiça, Flávio Dino, sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. A sessão terminou em baixaria. Só que, dessa vez, Nikolas estava do lado oposto. Em uma de suas intervenções, ele criticou a postura do ministro. Alguns parlamentares passaram então a provocá-lo com insultos de viés homofóbico. Um deles, identificado depois, era André Janones (Avante-MG), ex-coordenador das milícias digitais do PT na campanha presidencial do ano passado. Resultado do injustificável ataque: Nikolas ganhou mais 560 000 seguidores em suas redes. O silêncio, muitas vezes, é a melhor resposta — inclusive, no combate aos radicais.

Publicado em VEJA de 5 de abril de 2023, edição nº 2835

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.