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Moro questiona MPF sobre morte de empresário que ajudou Lava Jato

'Não se pode excluir a possibilidade de que o homicídio esteja relacionado' à investigação, escreveu o juiz em despacho nesta sexta-feira

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 4 jun 2024, 17h17 - Publicado em 26 jan 2018, 17h18

O juiz federal Sergio Moro pediu uma manifestação do Ministério Público Federal (MPF), em até cinco dias, sobre o assassinato do empresário José Roberto Soares Vieira, que ajudou a força-tarefa da Lava Jato a rastrear pagamentos ao ex-gerente da Transpetro José Antonio de Jesus, principal alvo da 47ª fase da operação.

O empresário foi executado misteriosamente com nove tiros na cidade de Candeias (BA). “Infelizmente, há notícia muito grave do assassinato do acusado José Roberto Soares Vieira em 17 de janeiro no curso da ação penal, o que ainda está em apuração”, afirmou Moro.

“Não se pode excluir a possibilidade de que o homicídio esteja relacionado a esta ação penal, já que, na fase de investigação, o referido acusado aparentemente confessou seus crimes e revelou crimes de outros. Intime-se o Ministério Público Federal para manifestação em cinco dias.”

José Antonio de Jesus é réu em ação penal sobre corrupção e lavagem de dinheiro. Atualmente, o processo está aguardando a apresentação de resposta preliminar pela defesa do ex-gerente da Transpetro, preso no dia 21 de novembro de 2017, data da Operação Sothis, a 47ª fase da Lava Jato. No mesmo dia, Soares Vieira, alvo de mandado de busca e apreensão, prestou depoimento à Polícia Federal.

O empresário afirmou que Antonio de Jesus, seu ex-sócio na JRA Transportes, recebia pagamentos de empresas contratadas por subsidiárias da Petrobras sem ter prestado serviço algum. O Ministério Público Federal chegou a pedir que ele também fosse preso temporariamente, o que foi negado por Moro, que se limitou a bloquear os bens de Vieira.

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A Procuradoria suspeita que o ex-gerente e seus familiares tenham operacionalizado o recebimento de 7 milhões de reais em propinas pagas pela empresa NM Engenharia, entre setembro de 2009 e março de 2014, para a transportadora. Graças ao depoimento de José Roberto Soares Vieira,  o MPF pôde rastrear pagamentos de 2,3 milhões de reais para José Antonio de Jesus.

Além da NM Engenharia, José Roberto Vieira revelou à Polícia Federal que outras prestadoras de serviços de subsidiárias da Petrobras faziam pagamentos à JRA, como foi o caso da Meta Manutenção. De acordo com Vieira, os pagamentos da Meta eram ainda maiores do que os da NM Engenharia, alvo da Lava Jato 47, e nunca houve prestação de serviços.

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