Ministério da Justiça pede à PF para investigar compra de vacina
Em outro pedido de inquérito, o deputado Luís Miranda poderá ser investigado por denunciação caluniosa
O ministro da Justiça, Anderson Torres, envia hoje ofício ao diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, pedindo a abertura de inquérito para investigar a suspeita de corrupção na aquisição da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde, durante a gestão do general Eduardo Pazuello à frente da pasta.
Com o pedido de abertura de inquérito, o governo tenta dar uma resposta às denúncias feitas na CPI da Pandemia, que investiga eventual irregularidades na compra da Covaxin pelo Ministério da Saúde, por intermédio da empresa Precisa Comercialização de Medicamentos, do empresário Francisco Emerson Maximiano.
Em fevereiro, a Precisa fechou contrato para vender 20 milhões de doses de vacina Covaxin ao Ministério da Saúde por 1,6 bilhão de reais. O preço de cada vacina saiu por 14,9 dólares, bem acima do valor de mercado de outras vacinas. A AstraZeneca, por exemplo, foi adquirida pelo Ministério da Saúde por 5 dólares a dose.
As suspeitas de irregularidade envolvendo a compra da Covaxin aumentaram após denúncia do servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda e de seu irmão, o deputado Luís Miranda (DEM-DF). Ambos prestaram depoimento à CPI da Pandemia. O servidor denunciou que sofreu “pressão atípica” de superiores para a compra da Covaxin. O deputado afirmou ter comunicado o fato ao presidente Jair Bolsonaro.
O Ministério da Justiça também vai requisitar à PF que instaure outro inquérito, mas para investigar o deputado Luís Miranda, por eventual denunciação caluniosa, como antecipou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni. A abertura deste segundo inquérito, no entanto, não é automática. Por envolver a figura do deputado Luís Miranda, que tem foro privilegiado, a PF deverá consultar primeiro o Supremo Tribunal Federal, que instaura inquéritos envolvendo autoridades com foro privilegiado.