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Militar diz que áudio-bomba de Cid era dilema entre ‘verdade’ e ‘dever militar’

Testemunha de defesa de tenente-coronel disse que antigo braço direito de Bolsonaro perdeu amigos e ficou abalado

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 Maio 2025, 12h46 - Publicado em 22 Maio 2025, 11h06

Era março de 2024 quando VEJA revelou uma conversa privada entre o tenente-coronel Mauro Cid com uma pessoa de sua confiança. Àquela altura, o antigo braço direito de Jair Bolsonaro se preparava para mais uma rodada de depoimentos como delator premiado do plano golpista que por pouco não colocou o país em uma anarquia institucional.

Na conversa, o militar alegava, entre outros pontos, que a Polícia Federal omitia suas declarações ou as tirava de contexto, atacava o ministro Alexandre de Moraes e afirmava que investigadores o pressionavam a delatar fatos que simplesmente não tinham acontecido.

O áudio caiu como uma bomba no Supremo Tribunal Federal (STF) e Cid acabou preso. Nesta quinta-feira, 22, o capitão Rafael Maciel Monteiro, arrolado como testemunha de defesa do tenente-coronel no processo que trata da trama golpista, contou detalhes do estado de ânimo do militar ao fazer o desabafo.

Ao se reportar ao procurador-geral da República Paulo Gonet, Monteiro disse ter conversado “pessoalmente” com Cid após a divulgação da conversa por VEJA e afirmou que, naquele momento, o ex-ajudante de ordens vivia uma espécie de dilema interno: contar a verdade sobre o que tinha acontecido nas coxias do governo do capitão e salvar sua “honra” ou proteger militares.

Abalado com o afastamento de amigos que, segundo interlocutores ouvidos por VEJA, viam nele um alcaguete, Cid, na versão do depoente, sentiu o baque quando sua defesa implicou parte da caserna na trama golpista. Como delator premiado, Mauro Cid era obrigado a falar a verdade, mas ele próprio admitiu tempos depois que, no início, tentou blindar figuras de proa, como o general e ex-ministro Walter Braga Netto, preso sob a acusação de ter tentado obstruir as investigações.

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No áudio relevado por VEJA, Mauro Cid disse:

  • Eu vou dizer o que eu senti: já estão com a narrativa pronta deles, é só fechar, e eles querem o máximo possível de gente para confirmar a narrativa deles. É isso que eles querem
  • Eles (os policiais) queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu. Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo
  • O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação
  • O Alexandre de Moraes já tem a sentença dele pronta, acho que essa é que é a grande verdade. Ele já tem a sentença dele pronta. Só tá esperando passar um tempo. O momento que ele achar conveniente, denuncia todo mundo, o PGR acata, aceita e ele prende todo mundo.
  • Você pode falar o que quiser. Eles (os policiais) não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo
  • A cama está toda armada. E vou dizer: os bagrinhos estão pegando dezessete anos. Teoricamente, os mais altos vão pegar quantos?

“Cid vinha de uma prisão longa e lamentavelmente percebo que houve afastamento de núcleo de amigos. O Cid manteve ânimo na PF, não se abalou. Acho que o abalo começou a partir do momento que a conduta da defesa dele acabou implicando demais militares e provocou afastamento até institucional do Cid. Ele falou aquelas coisas, mas ele tinha essa necessidade de se manter fiel ao dever ético militar de amar a verdade e não entregar militares por se manter firme na verdade. No círculo íntimo, ele tinha que falar coisas muito irrefletidas (…) em defesa de sua honra”, disse nesta quinta Rafael Maciel Monteiro. E completou: “Cid teve entristecimento e abalo de espírito”.

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