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Médico prevê nova cirurgia de Bolsonaro em janeiro

Antônio Luiz Macedo diz que fechamento da colostomia poderia ser feito em dezembro, mas requer duas semanas de recuperação – o que afetaria eventual posse

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 11 out 2018, 11h58 - Publicado em 11 out 2018, 11h14

O candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro, deverá passar por nova cirurgia logo após uma eventual posse, caso eleito no segundo turno. É o que prevê o cirurgião-chefe da equipe médica do candidato, Antônio Luiz Macedo, do Hospital Israelita Albert Einstein, no Morumbi, São Paulo, onde o candidato ficou internado por quase um mês.

O especialista afirmou que a operação para fechamento da colostomia (exteriorização do intestino para saída das fezes) só poderá ser feita após o dia 12 de dezembro, mas que, como o procedimento requer duas semanas de recuperação, se o paciente se submetesse à operação ainda neste ano não haveria garantias de que ele estaria completamente recuperado para uma eventual cerimônia de posse.

Dessa forma, o ideal, segundo o médico, é que o procedimento seja feito somente em janeiro. “Eu me sentiria mais seguro se a gente fechasse [a colostomia] após a [eventual] posse, em janeiro. Mas se ele quiser fazer antes, não vejo grandes dificuldades”, declarou. “Ele é muito ativo, quase impulsivo, tem muita disposição para fazer as coisas, é capaz de ele querer tirar antes. Acho que se os exames estiverem bons no dia 18 de outubro, esperando terminar o pleito eleitoral, ele decide se fecha no meio de dezembro ou em janeiro”, afirmou Macedo.

Na nova cirurgia, o abdome de Bolsonaro será aberto novamente para que as alças do intestino grosso sejam unidas e, com isso, o trânsito intestinal volte ao normal e o paciente deixe de usar a bolsa coletora. A cirurgia requer a abertura do abdome e não pode ser feita por videolaparoscopia – um procedimento menos invasivo.

Segundo Macedo, a chance de uma complicação nessa cirurgia é menor do que nas operações anteriores às quais Bolsonaro foi submetido.

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“É uma cirurgia que, para um cirurgião bem treinado, não é um bicho de sete cabeças como foi aquela do dia 12 de setembro. Essa, sim, foi terrível, demorou demais. Estava tudo colado por causa do derrame de fezes na hora do trauma, excesso de sangramento, choque hemorrágico”, declarou Macedo, referindo-se à operação de emergência feita seis dias após a facada para corrigir uma obstrução intestinal provocada por aderência das alças do órgão. Segundo o médico, o procedimento durou seis horas.

A colostomia foi necessária para isolar as áreas lesionadas da passagem de fezes, diminuindo, assim, o risco de infecções. Isso porque, ao ser atacado em Juiz de Fora, em 6 de setembro, Bolsonaro sofreu três perfurações no intestino delgado e um no intestino grosso. Ele chegou à Santa Casa de Juiz de Fora em estado grave, com hemorragia interna, e passou por uma cirurgia que estancou o sangramento e reparou as lesões intestinais e vasculares.

Riscos

Embora a cirurgia de reversão de colostomia seja menos complexa do que as anteriores, ela não está isenta de riscos. Assim como em qualquer operação do sistema digestivo, pode ocasionar complicações como infecções, fístulas ou obstruções intestinais. A recuperação, no entanto, deverá ser mais rápida que a das operações anteriores.

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Segundo Guilherme Cotti, cirurgião do aparelho digestivo do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) do Hospital das Clínicas de São Paulo, o tempo de internação médio após cirurgias de reversão de colostomia é de uma semana. “É uma semana no hospital e outra semana de recuperação em casa, com repouso. Se tudo correr bem, a alimentação já é reintroduzida dois ou três dias após a cirurgia”, afirmou.

Assim, se a cirurgia for realmente realizada em janeiro, o presidenciável, caso eleito, ficaria impedido de comparecer a compromissos oficiais por pelo menos duas semanas. Após o período de reintrodução alimentar e cicatrização, o paciente já é liberado para suas atividades normais se o sistema digestivo voltar a funcionar normalmente e não for verificada nenhuma complicação, podendo viajar e ter compromissos públicos, segundo os médicos.

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