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Manuela D’Ávila prestará depoimento sobre ação de hacker, diz defesa

Segundo representantes da ex-parlamentar, ela faz um curso no Reino Unido e estará de volta ao país em até 15 dias

Por Redação
Atualizado em 29 jul 2019, 12h01 - Publicado em 29 jul 2019, 10h32

Após retornar ao Brasil, a ex-deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) deve prestar depoimento sobre a Operação Spoofing, informou sua defesa nesta segunda-feira, 29. A candidata a vice-presidente na chapa de Fernando Haddad (PT) na disputa presidencial do ano passado deve voltar de viagem em até 15 dias.

Segundo o advogado Alberto Toron, que defende Manuela, ela saiu do país no dia 23 de junho para fazer um curso na Universidade de Edimburgo, no Reino Unido. Ele afirmou que a ex-deputada estará à disposição das autoridades para “prestar todos os esclarecimentos que dela forem solicitados”. “Assim que ela chegar no Brasil, ela prestará depoimento na data em que a autoridade determinar”, disse.

Na semana passada, o hacker Walter Delgatti Neto, conhecido como “Vermelho”, disse em depoimento à Polícia Federal que fez contato com o jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil, por meio de Manuela. Delgatti Neto foi um dos presos na Operação Spoofing e admitiu ter hackeado telefones de autoridades.

Em nota, Manuela disse que, em maio, seu aplicativo Telegram foi invadido e confirmou que repassou ao “invasor” do seu celular o contato de Greenwald. Desde o início de junho, o site The Intercept Brasil tem divulgado trocas de mensagens entre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e procuradores da força tarefa da Operação Lava Jato.

Em seu depoimento, Delgatti afirmou que não editou as mensagens de membros da Lava Jato antes de repassá-las ao Intercept. Ele disse acreditar que não é possível fazer a edição das mensagens do Telegram em razão do formato utilizado pelo aplicativo. O hacker disse também “que nunca recebeu qualquer valor, quantia ou vantagem em troca do material disponibilizado ao jornalista Glenn Greenwald”.

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A defesa de Manuela afirma que a ex-deputada não tomou parte na ação do suposto hacker. “Ela não teve envolvimento nenhum com apoio financeiro (a Delgatti Neto) ou coisa parecida. Manuela não tem preocupação alguma, apenas preocupação em dizer a verdade”, afirmou Toron. “Ela simplesmente indicou o jornalista Glenn e se retirou do cenário”.

O líder do PCdoB na Câmara, o deputado federal Orlando Silva (SP), disse que o partido está “absolutamente solidário a Manuela”. O parlamentar ressaltou que, desde a sexta-feira, todos os líderes da legenda manifestaram seu apoio por meio das redes sociais. “Manu fez o que qualquer pessoa séria faria. Infelizmente, a razão perdeu espaço no Brasil”, disse.

Silva afirmou ainda que espera que a invasão ao celular de Manuela seja explicada. O líder do PCdoB também cobrou que Sérgio Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol ofereçam seus celulares para perícia. O parlamentar afirmou também que já há um requerimento pronto para convocar Moro a prestar esclarecimentos aos parlamentares sobre a Operação Spoofing. Na quinta-feira, 25, o ministro da Justiça avisou a autoridades que tiveram celulares hackeados que o material obtido de maneira ilegal seria destruído.

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Para o parlamentar, a atitude do ministro seria uma “ilegalidade flagrante” e configuraria desrespeito ao artigo 325 do Código Penal, que versa sobre quebra de sigilo funcional. “Como (Moro) teve acesso a inquérito sigiloso? Esse é o domínio do Judiciário e da Polícia Federal”, disse Silva. “Pior, se teve acesso enquanto autoridade e servidor público, não poderia quebrar o sigilo. Queremos ouvi-lo”.

Segundo o líder do PCdoB, o partido vai conversar com lideranças partidárias para decidir se a convocação de Moro será para uma audiência no Plenário ou na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). “Vamos trabalhar para ser uma convocação com apoio de todos os partidos”, afirmou. “Não é assunto da esquerda, nem da oposição. Queremos o respeito à Constituição e as leis”.

A reportagem apurou na última quinta-feira que o presidente do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio Noronha, e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, receberam contatos de Moro sobre a operação da PF.

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Neste sábado, 27, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a decisão sobre uma possível destruição de mensagens não cabe a Moro. “O Moro não fará nada que a lei não o permita fazer. Agora foi uma invasão criminosa”, disse.

(com Estadão Conteúdo)

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