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Maioria do Alto Comando torcia por virada de mesa, diz Dino

Ministro da Justiça diz ter visto tentativa frustrada de golpe da janela e relata momentos de tensão com militares

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Leonardo Caldas 8 jul 2023, 15h26

Convicto de que os atos de vandalismo do dia 8 de janeiro foram uma tentativa de golpe de Estado, o ministro da Justiça Flávio Dino disse a VEJA, em depoimento que marca os seis meses dos ataques às sedes dos três poderes, que a maioria do Alto Comando do Exército “torcia” para o sucesso do que o quebra-quebra representava ou, em suas palavras, uma “virada de mesa”. “A maioria do Alto Comando torcia – e friso este verbo – para que o levante tivesse dado certo. Não significa participar e orientar. As Forças estavam na torcida, mas não se engajaram”, afirmou.

O raciocínio de Flávio Dino, a primeira autoridade do Executivo a chegar à Esplanada dos Ministérios no domingo, leva em conta fatos que o próprio auxiliar do presidente presenciou naquele dia. Convocado por Lula a ir pessoalmente ao Quartel General do Exército na noite de 8 de janeiro, ele relatou à edição de VEJA que chega neste fim de semana às bancas e plataformas digitais o clima de animosidade com a caserna e “dedos em riste de lado a lado”.

Em determinado momento, o ministro bateu de frente com o então comandante do Exército Júlio César de Arruda, que resistia em prender os arruaceiros que horas antes haviam depredado o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). “O general questionou e disse que a prisão não seria feita lá. Outro general interveio e disse que nunca a polícia tinha ido ao quartel prender pessoas. Verdade, mas também nunca tinha acontecido um acampamento de vândalos e golpistas em frente ao Exército. Essa é uma evidência acima de qualquer dúvida razoável de que havia a simpatia nas Forças em favor de tentativas arruaceiras de dar uma virada de mesa”, diz.

A avaliação de Dino de que a cúpula militar almejava o sucesso do dia 8 de janeiro também tem por base as revelações, feitas por VEJA, de que o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, participou de conversas em que militares da ativa pressionavam para que o então presidente atuasse para reverter a derrota que as urnas lhe haviam imposto. Em um dos diálogos, Cid conversa com o coronel do Exército Jean Lawand Junior e é incentivado a convencer Bolsonaro a promover um golpe. No dia 1º de dezembro, por exemplo, Lawand escreve para Cid: “Pelo amor de Deus, Cidão. Pelo amor de Deus, faz alguma coisa, cara. Convence ele a fazer. Ele não pode recuar agora”. Na sequência, Cid responde: “mas o PR [Presidente da República] não pode dar uma ordem…se ele não confia no ACE”. A sigla ACE é uma referência ao Alto Comando do Exército. “Da conversa do coronel Cid com o Lawand você extrai o ânimo geral. Não são os dois apenas. Naquele momento a maioria pensava como eles. Isso influenciou no dia 8”, afirma o ministro da Justiça.

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