Lula ironiza esvaziamento de ato de Bolsonaro no Recife: ‘Foi um fiasco’
'Se ele tivesse que viver de venda de camisa, ia morrer de fome, de tão pouca gente que tinha', afirmou ex-presidente em visita à capital pernambucana
Um dia após a diminuta recepção de Jair Bolsonaro por apoiadores no Recife, Luiz Inácio Lula da Silva – que nesta sexta-feira, 14, está na capital pernambucana – ironizou o ato realizado pelo atual presidente na Praia de Boa Viagem.
Com eleitores posicionados em um trecho do calçadão e ocupando o espaço à frente e nas laterais do trio elétrico da comitiva de Bolsonaro, o comício chamou a atenção por destoar das multidões arrastadas pelo presidente em seus palanques. Essa foi a primeira visita de Bolsonaro ao Nordeste após o primeiro turno.
“O ato dele aqui em Pernambuco foi um fiasco (…) Eu sei que ele veio aqui ontem. Seria até bom alguém ligar pra ele e pedir pra ele ver na televisão a nossa passeata. Que ele vai ver que é bem maior do que o vergonhoso ato que ele fez. Se ele tivesse que viver de venda de camisa, ia morrer de fome. De tão pouca gente que tinha”, disse o ex-presidente durante coletiva.
Lula afirmou, ainda, ter tomado como “questão de honra” as recentes falas de Bolsonaro ligando o Nordeste ao analfabetismo. Em live em 5 de outubro, o atual presidente disse que o petista havia tido quantidade superior de votos na região por se tratar de estados “com a taxa de analfabetismo alta”.
As declarações respingaram em Bolsonaro, que, dois dias após a transmissão, fez um acalorado pronunciamento no Palácio da Alvorada dizendo não ter ofendido nordestinos e afirmando que as acusações eram “mentiras do Lula”. A repercussão negativa também forçou a campanha a ajustar o discurso, o que incluiu a gravação de um vídeo em “homenagem ao Nordeste” e declarações de amor à região.
“Depois que o meu adversário foi num discurso, uma live, dizer que o povo nordestino vota em mim porque é analfabeto, eu resolvi provocar o povo nordestino para transformar o voto contra o Bolsonaro em uma questão de honra”, disse Lula nesta sexta-feira, 14. “Ele já não gostava de negro, não gosta de mulher, não gosta de sindicato, não gosta de prefeito, não gosta de governador. Agora ele não gosta de nordestino”, declarou o ex-presidente.
Explorar os deslizes de Bolsonaro tem sido uma das estratégias da campanha de Lula no segundo turno. No primeiro round das eleições, o petista teve no Nordeste ampla vantagem em relação ao atual presidente – 21,7 milhões de votos, contra 8,7 milhões – e uma das forças-tarefa tem sido aumentar essa margem até o próximo dia 30.
A pesquisa Genial/Quaest divulgada na última quinta-feira mostra um avanço entre esse eleitorado. Em comparação com a última rodada da sondagem, de 6 de outubro, a intenção de voto em Lula no Nordeste cresceu de 62% para 68%. Bolsonaro, por outro lado, caiu de 29% para 24%.