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Lula: de estilingue a vidraça no caso do aumento dos preços

Presidente usou o encarecimento da comida e da gasolina, que agora ameaça a sua popularidade, para desgastar rivais durante campanhas eleitorais

Por Daniel Pereira, Juliana Elias Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 2 fev 2025, 18h19

Em 2022, na campanha eleitoral mais acirrada desde a redemocratização, o presidente Lula explorou o aumento do preço dos alimentos para derrotar Jair Bolsonaro. Naquele ano, uma das propagandas do PT na televisão perguntava o que era possível comprar com 100 reais. As imagens mostravam que na gestão de Bolsonaro o trabalhador levava pouca coisa para casa, como um pacote de salsicha, uma dúzia de ovos e um litro de leite.

A locutora, então, emendava: “Nos tempos do Lula, você comprava isso e muito mais, o lanche das crianças, pão, cafezinho, a feira, a carne do almoço e também a do churrasquinho do fim de semana”. A promessa, transformada em bandeira da campanha petista, era de picanha barata e cerveja para acompanhar. Depois de dois anos de mandato, ela não foi cumprida, e o encarecimento da comida ajudou a derrubar a popularidade do presidente.

No geral, o preço das carnes subiu 20% em um ano. A picanha está 10% mais salgada. O contra-filé, o coxão mole e o acém, as peças mais compradas pelos brasileiros, encareceram 20%, 21% e 26%, respectivamente. A carestia é generalizada. O óleo de soja, por exemplo, aumentou 28%, e o café, mais de 40%.

“É como dar com uma mão e tirar com a outra. Não adianta dar Bolsa Família e emprego, de um lado, e, do outro, a inflação não deixar as pessoas comprarem”, afirma o economista André Braz, coordenador dos índices de preços da Fundação Getulio Vargas (FGV). 

Efeito no bolso e no humor do eleitorado

Pesquisa Genial/Quaest divulgada na segunda-feira, 27, mostrou que pela primeira vez no atual mandato a reprovação ao trabalho do presidente superou a aprovação, assim como a avaliação negativa ficou à frente da positiva. O resultado decorre de uma série de fatores — entre eles, a percepção negativa sobre os rumos da economia, especialmente sobre a inflação.

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Para 83% dos entrevistados, o preço dos alimentos nos supermercados subiu em janeiro. Em dezembro, o percentual era de 78%. Em outubro, de 65%. A carestia contribuiu para abalar três dos mais sólidos pilares de apoio a Lula. Ele perdeu oito pontos de aprovação no Nordeste, cinco entre as mulheres e sete entre quem ganha até dois salários mínimos.

Reajuste no horizonte

Não bastasse o problema da comida, há o preço dos combustíveis, que Lula explorou como arma eleitoral para derrotar, em 2002, o tucano José Serra, que na época era o candidato do governo. Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis, o diesel estava sendo comercializado pela Petrobras, na última quinta-feira, 30, por um valor 15% mais baixo do que o praticado no mercado internacional. Já a defasagem no caso da gasolina era de 6%.

Em entrevista coletiva, o presidente disse que a decisão sobre o valor dos combustíveis é da petrolífera. Nos bastidores, no entanto, ele pressiona para que a Petrobras, que “abrasileirou” a política de preços em sua gestão, segure o reajuste o quanto for possível, até para avaliar o comportamento do dólar, que está em queda. Acossado, o presidente quer deter a onda de más notícias que afetam o bolso, e o humor, do eleitorado. Não será fácil. Na sexta-feira, 31, a Petrobras anunciou um aumento de 6,3% no diesel.

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