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Lobista investigado por venda de sentenças se passou por advogado com carteira falsa

Andreson Gonçalves usava OAB fraudada da seccional do Pará; caso é investigado pela Polícia Federal

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 2 nov 2024, 11h38

A Polícia Federal investiga o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, peça-chave no escândalo de venda de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ), por ter se passado por advogado registrado na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ter representado ilegalmente clientes no segundo mais importante tribunal do país. A entidade de classe identificou o grupo que forjou registros profissionais da OAB e apontou Andreson como das pessoas que roubaram um número da lista que havia sido previamente forjada pelo bando.

Acossado por indícios que apontam que, além do STJ, comercializava veredictos em pelo menos três tribunais de justiça – Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás –, o lobista se apresentou como advogado em processos que tramitavam no gabinete do ministro Paulo Moura Ribeiro. O magistrado é um dos quatro cujas equipes foram alvo de investigações de compra e venda de votos envolvendo Andreson e o advogado Roberto Zampieri, assassinado no final do ano passado em Cuiabá.

Andreson também invoca o registro falso da OAB em um processo antigo em que ele próprio era investigado por suspeitas de tráfico internacional de drogas em um esquema que envolve a maior facção criminosa do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele foi absolvido por falta de provas neste caso, mas ainda enfrenta a acusação de lavagem de dinheiro decorrente do mesmo episódio e tenta no STJ que as suspeitas sejam julgadas em uma vara específica de Cáceres (MT). Em um relatório de inteligência sobre a investigação de tráfico, a própria PF chegou a registrar Andreson como “um advogado militante” em Cuiabá.

O pretenso registro profissional do lobista era da seccional da OAB no Pará e tinha o número 25696. Segundo fontes da entidade que representa os advogados aptos a atuarem na profissão, este número existiu apenas como uma carteira falsa, encaminhada pela OAB do Pará para investigação da PF.

A acusação de lavagem de dinheiro

Em abril de 2011, a polícia apreendeu 296 quilos de cocaína no município de Cravinhos, em São Paulo, dois dias depois de Andreson ter voltado de uma viagem à Bolívia para supostamente acertar a entrega de uma carga de 350 quilos de pasta-base da droga. Escutas telefônicas usadas na investigação revelaram conversas entre ele e o traficante preso em flagrante na operação. Por falta de provas, no entanto, a justiça absolveu o lobista, mas movimentações financeiras astronômicas levaram-no a ser investigado também por lavagem. De 2009 a 2016, por exemplo, Andreson Gonçalves movimentou mais de 21 milhões de reais, aponta a PF. É esta investigação que ele tenta que seja julgada em uma vara de Cáceres.

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