Ligação de Braga Netto para Barroso ‘vaza’ durante sessão do STF
Com microfone ligado, presidente do TSE acidentalmente deixou aberto áudio de chamada do ministro da Defesa para tratar de comissão sobre urna eletrônica
Em tempos de tensão política, discussões sobre ruptura institucional e ânimos acirrados na Praça dos Três Poderes, cada gesto e cada palavra ganham um peso ainda maior. Até mesmo quando são vazados por acidente. Foi o que aconteceu na sessão desta terça-feira, 17, da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), quando o microfone do computador usado pelo ministro Luís Roberto Barroso para participar de uma sessão por videoconferência acabou captando o áudio de uma ligação telefônica do magistrado com o ministro da Defesa, general Braga Netto.
“Boa tarde, general. Como vai o senhor? Tudo bem?”, disse Barroso a Braga Netto, enquanto participava da sessão da Primeira Turma, que se reuniu para a análise de casos pouco palpitantes nesta tarde. Coube ao ministro Alexandre de Moraes, que assim como Barroso atua no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alertar o colega ao vivo: “ministro Luís Roberto, o microfone está aberto!”. O áudio foi fechado logo depois, quando a tela exibia a cadeira de Barroso vazia, já afastado do computador para prosseguir com a conversa com o general.
Procurada pela reportagem, a assessoria do Supremo informou que Barroso, na condição de presidente do TSE, “está organizando a montagem da comissão de transparência das eleições, para monitorar todo o processo do voto eletrônico desde o primeiro momento”.
“A comissão será integrada por diversos órgãos e entidades e terá um representante das Forças Armadas. Por essa razão, o Ministro Barroso contatou o Ministro da Defesa, General Braga Neto, solicitando a indicação. O general retornou quando se iniciava a sessão da 1ª Turma do STF e o ministro o atendeu”, esclareceu o STF.
O tom cordial de Barroso com Braga Netto destoa do empregado pelo chefe de Braga Netto ao presidente do TSE. O presidente da República já chamou o magistrado de “idiota”, “imbecil”, “semideus” e “dono da verdade”, se metendo em um embate despropositado com a Justiça Eleitoral por conta do voto impresso.