Imagem negativa no agro sob Bolsonaro bateu 81% no Parlamento europeu
Pesquisa da Apex mostra que desmatamento e entraves no acordo Mercosul-União Europeia foram cruciais para o resultado
Pesquisa interna feita pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) sob o governo de Jair Bolsonaro mostra que, em meio às discussões sobre o desmatamento na Amazônia e o impacto de políticas ambientais frouxas no acordo Mercosul-União Europeia, 81% do Parlamento europeu tinha uma imagem negativa do agronegócio brasileiro – 13% tinha imagem neutra e 6% imagem positiva. O levantamento registra que apenas dez membros do Parlamento tiveram atividades positivas em relação ao Brasil.
Os dados, em mãos do atual presidente da Apex, o ex-senador petista Jorge Viana, estão na base de estudos da agência de promoção de empresas brasileiras no exterior para tentar se reaproximar do mercado europeu. Um roadshow junto ao legislativo da União Europeia está sendo planejado para os próximos meses na tentativa de amenizar críticas ao agro brasileiro.
Outra pesquisa da agência registra que a cobertura que envolve menções ao agronegócio nacional é essencialmente negativa – 64% – e positiva em apenas 14%. Neste caso, os temas mais comentados e de maior interesse na rotulação do agro envolvem desmatamento, a Amazônia e os mercados de carne bovina e soja.
Em contraste com as ressalvas da Europa, a Apex contabilizou que, em 2023, as exportações brasileiras tiveram desempenho inédito em 56 países. Os maiores destaques no ano passado, de acordo com a agência, foram a China (exceto Macau e Hong Kong), com volume de 104,3 bilhões de dólares, alta de 16,6% em relação a 2022; o México, com 8,6 bilhões de dólares (crescimento de 21,6% na comparação com o ano anterior) e o Canadá, com 5,8 bilhões de dólares (6,9% de aumento em relação a 2022).
Entrevistado das Páginas Amarelas da edição impressa de VEJA e plataformas digitais, o presidente da ApexBrasil Jorge Viana defende que a agência seja pautada pelo pragmatismo em suas negociações comerciais. O objetivo é afastar que ressalvas ideológicas atrapalhem transações comerciais.“As crises vêm e vão, mas o comércio deveria ser tratado à parte”, diz ele, que defende que os Estados Unidos, independentemente de uma eventual vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais de novembro.
“No ano passado foram 36 bilhões de dólares em exportações [para os Estados Unidos] com alto valor agregado. Se os americanos fizerem uma volta ao Trump, não temos outra coisa a fazer senão considerar que temos um grande parceiro comercial, independentemente das preferências que cada um tenha. Caso contrário iremos repetir o governo passado, que não tinha noção das coisas”, afirmou Viana.