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Gilmar pede que STF retire porte de arma de Rodrigo Janot

Pedido foi feito em inquérito que investiga fake news e ameaças ao Supremo. Em entrevista a VEJA, ex-procurador disse que planejou matar o ministro

Por Redação
Atualizado em 27 set 2019, 16h26 - Publicado em 27 set 2019, 16h23

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes pediu nesta sexta-feira, 27, no âmbito do inquérito que apura fake news e ameaças contra ministros da Corte, que seja determinada a retirada do porte de arma do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e que ele fique impedido de ir ao tribunal.

A petição de Gilmar foi apresentada depois de Janot dizer em entrevista a VEJA que, em 11 de maio de 2017, quando ainda era o chefe da Procuradoria-Geral da República (PGR), foi armado ao STF com a intenção de matar Gilmar com um “tiro na cara” e em seguida se suicidar, mas desistiu depois de chegar a sacar e engatilhar a pistola, na antessala do plenário do Supremo.

Caberá ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito sobre as fake news no Supremo, decidir sobre os pedidos do colega. Nesta sexta-feira, por meio de nota, Gilmar Mendes se disse surpreso com a revelação de Janot, recomendou que ele procure “ajuda psiquiátrica” e lamentou “o fato de que, por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado. Até o ato contra si mesmo seria motivado por oportunismo e covardia.”

Rodrigo Janot vai lançar na próxima semana o livro Nada Menos que Tudo, escrito pelos jornalistas Jailton de Carvalho e Guilherme Evelin, em que narra episódios desconhecidos ao longo dos quatro anos em que esteve à frente das investigações do maior escândalo político do país.

Na ocasião relatada pelo ex-procurador na entrevista e no livro, Janot havia pedido ao STF que impedisse Mendes de atuar em um processo que envolvia o empresário Eike Batista. O procurador alegou que a esposa do ministro, Guiomar Mendes, trabalhava no mesmo escritório de advocacia que defendia Eike. Na sequência, foram publicadas notícias de que a filha de Janot era advogada de empreiteiras envolvidas na Lava-­Jato — o que, por analogia, também colocaria o pai na condição de suspeito. O procurador identificou Mendes como origem da informação — e, nesse instante, decidiu matá-lo.

O plano do ex-PGR era dar um tiro na cabeça do ministro e depois se matar. A cerca de 2 metros de distância de Mendes, na sala reservada onde os ministros se reúnem antes de iniciar os julgamentos no plenário, Janot sacou uma pistola do coldre que estava escondido sob a beca e a engatilhou. Mas o plano não se consumou: “Só não houve o gesto extremo porque, no instante decisivo, a mão invisível do bom senso tocou meu ombro e disse: não”. 

Na entrevista, Janot também narra, entre outros episódios, que foi convidado pelo então senador Aécio Neves (PSDB) para ser candidato a vice-presidente da República, que o ex-ministro Antonio Palocci prometeu entregar cinco ministros do STF e que Temer pediu a ele que cometesse o crime de prevaricação.

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