Filiado ao MDB, Otoni de Paula anuncia pré-candidatura ao Senado pelo PRTB em 2026
Deputado federal do Rio tem acordo costurado com o partido de Pablo Marçal e quer ‘chacoalhar o tabuleiro’ político fluminense

De olho em movimentar o tabuleiro político no Rio de Janeiro, o deputado federal Otoni de Paula, hoje filiado ao MDB, anunciou nesta quarta-feira, 28, sua pré-candidatura ao Senado para a eleição do ano que vem. De saída de sua atual sigla, o parlamentar tem acordo para ingressar no PRTB, legenda pela qual planeja concorrer com o apoio de Pablo Marçal. A troca, no entanto, terá de aguardar a janela partidária, que só abre seis meses antes do período eleitoral.
Com o anúncio, a esperança do parlamentar é angariar o apoio de uma fatia do eleitorado que se mostrou decisiva nas últimas eleições que contaram com duas vagas ao Senado, como será em 2026: os evangélicos. Foi assim duas vezes com o ex-prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), em 2002 e 2010 e, mais recentemente, em 2018, com Arolde de Oliveira.
Pastor da Assembleia de Deus Ministério de Madureira, Otoni está em seu segundo mandato como deputado federal. Antes, foi vereador do Rio por dois anos, sempre impulsionado por sua influência no meio evangélico.
Insatisfeito no MDB, Otoni chegou a ser pré-candidato a prefeito do Rio pela sigla no ano passado, mas teve de desistir após arranjo político que incluiu o partido na chapa de Alexandre Ramagem, postulante do PL. Por isso, para o ano que vem, preferiu a decisão arriscada de se juntar a uma legenda pequena e sem tempo de TV, mas onde, por outro lado, ele terá autonomia para bancar a candidatura.
“Prefiro ter uma sigla que me garanta a possibilidade de ir até o final”, explica o deputado.
Ativo nas redes sociais, Otoni ganhará também o apoio formal de Pablo Marçal (PRTB), que nas eleições municipais em São Paulo deu mostras de sua força ao mobilizar seus eleitores online e conquistar mais de 1,5 milhão de votos.
Mas se o ingresso formal no PRTB só poderá acontecer no início do ano que vem, quando abrir a janela partidária — o parlamentar até tentou, mas não teve acordo com o MDB para sair antes —, Otoni já conta com respaldo no futuro partido. Presidente nacional da legenda, Leonardo Avalanche já deu o aval para a chegada do deputado, e a benção para que ele concorra ao Senado. Otoni planeja ainda um lançamento oficial de sua pré-candidatura no fim de agosto, com um evento na Barra da Tijuca, Zona Oeste da capital carioca.
Mudanças no tabuleiro
Ao decidir tornar pública tão cedo a intenção de concorrer ao Senado, o parlamentar coloca pressão sobre outros possíveis postulantes à direita. O objetivo, segundo Otoni, é “provocar mudanças no tabuleiro” da política fluminense. Na lista de adversários apontados, estão o governador Cláudio Castro (PL), que vai deixar seu mandato mais cedo para participar da eleição, e o ex-prefeito Crivella, além de Flávio Bolsonaro (PL), que deve tentar a reeleição.
Otoni e Crivella, porém, estariam costurando um acordo para que apenas um deles confirme a candidatura, justamente para não dividir os votos dos evangélicos. O bispo da Universal e ex-senador tem futuro inseguro, já que para concorrer teria que resolver a tempo suas pendências com a Justiça Eleitoral.