Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Fanatismo do governo pode levar país à violência, diz general

Ex-ministro Santos Cruz critica esfacelamento das instituições e atuação do presidente para arrastar Forças Armadas para a política

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 jun 2021, 12h37 - Publicado em 20 jun 2021, 18h01

A atuação deliberada do presidente Jair Bolsonaro para estimular o fanatismo de seus apoiadores pode levar o Brasil a um cenário de conflito e violência urbana. A avaliação é do ex-ministro da Secretaria de Governo de Bolsonaro, general Carlos Alberto dos Santos Cruz. Protagonista no meio militar de articulações em busca de um nome que possa concorrer à Presidência da República em 2022 pela chamada terceira via, Santos Cruz critica o presidente por trabalhar para “arrastar as Forças Armadas para a política” e diz que o país passa, sob a administração bolsonarista, por um momento de “destruição das instituições”. Em entrevista a VEJA, ele disse que a polarização política entre apoiadores de Jair Bolsonaro e do ex-presidente Lula “não interessa” ao país, defende movimentos que buscam um candidato contra os extremos e faz duras críticas ao ex-capitão cuja campanha eleitoral um dia apoiou.

Como o senhor viu as últimas pesquisas eleitorais que mostram Lula e Bolsonaro como favoritos na preferência do eleitorado para a disputa de 2022? Nessa polarização o Brasil fica no dilema entre o precipício e o abismo. Temos um ex-presidente que já teve sua oportunidade e não tem sentido a volta. E temos um presidente atual que já demonstrou que está mais preocupado com o soldo do que com a administração ou pacificação do país. É uma polarização que não interessa.

Mas as eleições do próximo ano caminham para o enfrentamento entre Lula e Bolsonaro. O PT já teve a oportunidade dele com um ciclo de mais de 13 anos e acabou se desgastando com escândalos e demagogia. Não podemos voltar 20 anos. Tem que andar para a frente. E o governo atual não conseguiu fazer nada disso. É um governo que investe no fanatismo, no show, no populismo. É o processo de qualquer regime totalitário. É divisão social, é o culto à personalidade, é o ataque às pessoas, e não a discussão de ideias. Os ataques são todos pessoais com desinformação, fake news, crimes de calúnia, de difamação, desinformação, mentira. Isso é o que está caracterizando o momento atual.

Qual o perfil ideal de um candidato à Presidência? O Brasil precisa de união, de combate à corrupção, de redução da desigualdade social. A sociedade precisa de paz e não pode ficar dividida. A sociedade dividida vai para conflito, vai para violência. Em uma sociedade dividida, esse fanatismo criminoso que estamos vivendo acaba em violência.

Existe o risco de o país descambar para a violência? Sim. Há o risco de esse fanatismo que nós estamos vivendo levar o país à violência. Eu vivi cinco anos em ambiente de conflito na África e na América Central e sei o que é a violência social. É um absurdo o que estamos vivendo. Isso é falta de responsabilidade, é uma coisa criminosa. O fanatismo e o crime caminham juntos e tem hora que você não consegue diferenciar quem está de um lado e quem está de outro. Temos uma milícia digital que denigre as pessoas, que ataca as pessoas. Isso é caso de polícia, isso é crime.

Continua após a publicidade

Qual o grau de responsabilidade do presidente neste estado de coisas? Temos que acabar com isso de querer arrastar as Forças Armadas para a política. Vamos fazer uma política decente. Estão todo dia falando de Forças Armadas na política. Há uma destruição das instituições. O Brasil está dividido em fanatismo, em extremismo. Isso não leva a lugar nenhum. Isso só leva à violência. A politização das Forças Armadas é um absurdo. Forças Armadas não são instrumento de pressão, de intimidação política, de disputa de poder. Isso, em vez de evoluir politicamente, é uma falta de responsabilidade.

Em que medida há essa destruição das instituições? O Coaf, que no início do governo era tão admirado pela população, foi descaracterizado. A Lava-Jato, que foi uma grande esperança para o Brasil, também se foi. O Ministério da Saúde na pandemia foi esvaziado pelo próprio presidente. O ministro anunciava uma coisa e no outro dia a autoridade fazia o contrário. Temos que valorizar as instituições.

O senhor disse que o país precisa de união. Algum pré-candidato sintetiza esse sentimento desde já? Moro tem esse histórico maravilhoso de combate à corrupção. Na história do Brasil foi o juiz que mais coragem mostrou no combate à corrupção, mas podemos ter outras opções também. A gente precisa de equilíbrio. Não tem nome agora não. A primeira coisa é se conscientizar que essa polarização não presta para o Brasil. E vai aparecer gente que queira apresentar essa proposta para o país. O importante é que a pessoa que for represente um novo projeto, um ponto de equilíbrio. Não é personificar agora quem é.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.