Fachin acelera Lava Jato e quer julgar políticos em 2017
Três juízes auxiliares do relator da operação no STF ouvem testemunhas em processos contra Gleisi Hoffmann, presidente do PT, e dois deputados federais
O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), manteve os trabalhos em seu gabinete mesmo durante o recesso de julho do Judiciário. O objetivo é tentar viabilizar julgamentos de ações penais da Lava Jato na Corte ainda neste ano.
Os processos que estão em fase mais avançada envolvem a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente nacional do PT, e os deputados federais Aníbal Gomes (PMDB-CE) e Nelson Meurer (PP-PR). Após quase três anos e meio das investigações que começaram em Curitiba e se espalharam por todo o país, essas serão as primeiras sentenças no STF a respeito de políticos com foro privilegiado acusados de envolvimento no esquema de desvios e corrupção na Petrobras.
Durante este mês, os três juízes auxiliares do ministro-relator se revezaram para tomar depoimentos de testemunhas. A perspectiva é concluir as audiências desses processos até o fim de agosto. O passo seguinte são os interrogatórios dos réus. Conforme o regimento da Corte, após os réus serem ouvidos, a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a defesa terão cinco dias para pedir investigações complementares. Fachin, então, deverá decidir se as aceita ou não.
Vencidas essas etapas, o relator pedirá que as partes – acusação e defesa – apresentem suas alegações em 15 dias. O ministro poderá ordenar novas diligências. Por fim, Fachin faz o relatório e encaminha ao ministro-revisor, Celso de Mello, que pedirá data para julgamento na Segunda Turma da Corte.
Não há prazo legal para marcar um julgamento no Supremo, mas interlocutores do relator consideram a possibilidade de que as sentenças sejam proferidas até dezembro. O processo contra Gleisi já está na fase de oitivas de testemunhas. Nesta semana, já falou aos juízes auxiliares de Fachin a ex-presidente da Petrobras Graça Foster e, para amanhã, está previsto o depoimento da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também já depôs.
Gleisi, seu marido, o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo (PT), e o empresário Ernesto Kugler Rodrigues são acusados de solicitar e receber um milhão de reais do esquema na Petrobras em 2010, quando a petista se candidatou ao Senado. Na defesa apresentada ao STF, os acusados negam envolvimento em irregularidades e alegam falta de provas.
Indicação
Na ação penal contra Meurer e seus filhos Nelson Meurer Junior e Cristiano Augusto Meurer também estão sendo ouvidas as testemunhas de defesa. Eles respondem por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Meurer é acusado de ter atuado para a indicação e manutenção de Paulo Roberto Costa na Diretoria de Abastecimento da Petrobras com o objetivo de se beneficiar de recursos ilícitos de contratos firmados por empreiteiras com a estatal. A defesa do deputado e dos filhos afirmou ao Supremo que não há provas na denúncia.
‘Transações lícitas’
Já a ação penal contra Aníbal Gomes e o engenheiro Luiz Carlos Batista Sá, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, está na fase de ouvir testemunhas de acusação – anteriores às de defesa. Os defensores dos acusados já alegaram que os fatos da denúncia dizem respeito a transações lícitas.
Nesta quarta-feira, o advogado Gustavo Souto, que defende Aníbal Gomes, disse que “a ação penal está na fase de coleta de provas e será demonstrada a inocência” do deputado. “Esperamos a absolvição no julgamento de mérito, independentemente de quando ele ocorrer”, afirmou.
(Com Estadão Conteúdo)