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Estrela da oposição dita o ritmo da resposta do governo Lula a crises

Vídeos do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) pressionam presidente e fazem a gestão do petista acelerar o passo na reação a assuntos desgastantes

Por Daniel Pereira 10 Maio 2025, 20h12

Mesmo petistas estrelados, como o ex-ministro José Dirceu, reconhecem que a esquerda toma uma surra dos aliados de Jair Bolsonaro nas redes sociais. Desde o início do terceiro mandato de Lula, dizia-se que a comunicação do governo era analógica, lenta e institucional demais, o que contribuía para o desgaste de popularidade do presidente.

Convencido desse diagnóstico, Lula trocou o comando da Secretaria de Comunicação da Presidência, substituindo o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) pelo marqueteiro Sidônio Palmeira, com o objetivo de se antecipar a problemas, ter uma ação propositiva e pautar o debate no mundo virtual. A ordem era sair das cordas e tentar equilibrar a disputa com a direita.

Todo esse esforço está sendo testado pela ação do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), cujos vídeos divulgados em rede social têm arranhado a imagem do governo, obrigando-o a acelerar o passo na resposta a crises.

Sucesso de audiência

O primeiro duelo entre Nikolas Ferreira e Sidônio Palmeira, que já aconselhava Lula desde o ano passado, antes mesmo de ser ministro, ocorreu no caso da norma da Receita Federal que ampliava a fiscalização sobre transações financeiras.

O deputado fez um vídeo afirmando que o governo queria com a norma do Fisco taxar o Pix. Sua postagem rapidamente superou a casa de 300 milhões de visualizações. Analógica, a gestão Lula reagiu com notas e declarações de praxe para afirmar que a versão do parlamentar não era verdadeira. Depois, escalou ministros para fazerem vídeos negando a taxação. De nada adiantou.

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Nikolas continuava a ganhar com sobra a “batalha de narrativas”. Diante do estrago, Sidônio e outros ministros convenceram Lula a revogar a norma da Receita para afastar de vez a “fake news” de que o Pix seria taxado. Pressão parecida está ocorrendo agora no caso do escândalo do INSS.

Quando a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram uma operação contra o esquema criminoso que roubava parte das aposentadorias e pensões pagas pelo INSS, os bolsonaristas estavam entretidos nas redes sociais com a mais recente cirurgia pela qual passou o capitão. Para ganhar alguns pontos com a opinião pública, o governo logo difundiu a ideia de que a roubalheira vinha da gestão anterior, mas foi enfrentada e estancada na atual. Lula, portanto, mereceria crédito por isso.

O jogo ficou em banho-maria até aparecerem indícios de corrupção de funcionários do comando do INSS e de omissão por parte do ministro da Previdência de Lula, Carlos Lupi. Os oposicionistas, então, passaram a trabalhar pela instalação de uma CPI para apurar o caso e conseguiram o número mínimo de assinaturas de apoio à iniciativa. Diante da pressão parlamentar crescente, Lula decidiu demitir Lupi nove dias após a operação de PF e CGU. O presidente achou que, assim, conteria a crise. Errou no diagnóstico.

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Enquanto o governo negociava com congressistas para impedir a CPI, Nikolas Ferreira voltou à trincheira das redes sociais com um vídeo sobre o tema, em que defende a tese de que a ladroagem no INSS é o maior escândalo de corrupção da história, culpa Lula pelo problema e, obviamente, isenta Bolsonaro. O governo diz que o conteúdo é mais uma “fake news”, mas o fato político é que o parlamentar, de novo, mobilizou a audiência, alcançando mais de 100 milhões de visualizações em questão de horas.

Foi o suficiente para dar uma chacoalhada no governo, que correu para rebater o deputado e anunciar um plano de ressarcimento de aposentados e pensionistas, que estava sob estudo há mais de uma semana. Com dias de atraso, aliados de Lula também gravaram vídeos para as redes sociais, mas que não tiveram a audiência registrada pelo oposicionista. Mais um vez, a reação oficial foi acelerada em resposta ao parlamentar e influenciador bolsonarista, que está ditando o ritmo das crises na Praça dos Três Poderes.

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