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Esquerda está cada vez mais refém da candidatura de Lula em 2026

Presidente só não concorrerá à reeleição se não quiser ou estiver com um grave problema de saúde, diz ministro da coordenação política do govenro

Por Daniel Pereira 26 out 2024, 11h06

Desde que assumiu o seu terceiro mandato na Presidência da República, Lula evita dizer se disputará a reeleição em 2026. Ele até já declarou que pode concorrer novamente se for necessário para evitar a volta dos “fascistas” ao poder, mas adotou como estratégia deixar a questão em aberto. Até a próxima eleição, muita coisa pode mudar, mas hoje a tendência é o petista tentar a renovação do mandato nas urnas, disse a VEJA um ministro da coordenação política do governo, acrescentando que apenas um grave problema de saúde poderia impedir a nova candidatura.

Nas nove eleições presidenciais realizadas desde a redemocratização, Lula participou de seis e ganhou três. Nas demais, estava proibido de disputar em duas — por uma vedação constitucional, em 2010, e por estar preso, em 2018. Em 2014, houve até um movimento de políticos e empresários para tentar convencer Dilma Rousseff a abrir mão da reeleição em nome do padrinho, mas a então presidente não aceitou. Lula, portanto, sempre monopolizou a vaga de candidato do PT e, até aqui, não há sinal de que mudará de postura. A situação da esquerda também não favorece uma passagem de bastão.

Refém do líder

Lula é maior do que o PT e os partidos de esquerda. Ele tem mais apoio popular e votos do que a sua legenda e as siglas aliadas, que saíram derrotadas na eleição municipal. Há a preocupação com a possibilidade de as bancadas de esquerda na Câmara e no Senado perderem ainda mais cadeiras em 2026 caso o presidente não dispute a eleição e não exerça na plenitude o papel de cabo eleitoral de seus aliados. Entre petistas, a metáfora futebolística é a seguinte: o craque não pode ficar fora de campo no momento em que o time mais precisa dele.

Outros fatores jogam a favor de uma nova candidatura do mandatário. Um deles é o fortalecimento dos integrantes do Centrão, que cogitam uma candidatura presidencial, mas não descartam uma negociação de apoio ao PT, desde que Lula seja o candidato. Se o presidente não participar do páreo, o Centrão dificilmente marchará ao lado dos petistas.

Neste domingo, 27, Lula completa 79 anos de idade. Em outubro de 2026, terá 81 anos. Sua saúde, segundo os médicos, está ótima e, se a eleição fosse hoje, não seria um empecilho a uma nova candidatura. O imponderável, no entanto, nunca pode ser desconsiderado. Em seu terceiro mandato, o presidente tem mostrado pouca disposição e paciência para a rotina do governo. No infinito campo das possibilidades, nada impede que ele simplesmente desista de disputar a próxima corrida presidencial. Seria como zerar o jogo das articulações — na esquerda, no centro e na direita.

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