Escalado em reação à crise, novo presidente do INSS já é alvo de fritura
Casa Civil e Secretaria de Comunicação da Presidência reclamam do trabalho da equipe de Gilberto Waller Junior

Em mais uma etapa da reação ao escândalo do roubo a aposentados e pensionistas, o Ministério da Previdência Social e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) anunciaram que as agências dos Correios atenderão, a partir do próximo dia 30, segurados que quiserem checar se tiveram descontos ilegais em seus benefícios.
A medida tem como objetivo atender pessoas que não têm acesso à tecnologia e não podem acessar o aplicativo do governo usado como ferramenta principal para identificar quem foi lesado e dar encaminhamento aos pedidos de ressarcimento. O INSS já recebeu cerca de 2 milhões de respostas de aposentados e pensionistas. Do total, 98% afirmaram que não autorizaram o desconto e pediram os valores de volta.
“Embora saibamos da quantidade de gente que acessa o aplicativo Meu INSS, sabemos que existem pessoas que preferem o atendimento preferencial. É para essas pessoas que estamos abrindo mais um canal de atendimento”, afirmou o ministro Wolney Queiroz, que assumiu o cargo no lugar do demitido Carlos Lupi.
Disputa interna
O ar de tranquilidade no anúncio da medida não condiz com a tensão que antecedeu a divulgação da participação dos Correios nos esforços para debelar a crise. Secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior reclamou da proposta inicial apresentada pelo novo presidente do INSS, Gilberto Waller Junior, que assumiu a função com a missão de estancar a roubalheira e ajudar a punir os criminosos.
Ministra do Planejamento do governo Dilma Rousseff, Miriam disse que faltava ao projeto de Waller Junior coisas básicas, como o que os Correios fariam após atender aposentados e pensionistas. Quais seriam os passos seguintes. Essas questões adiaram um pouco a entrada da estatal em cena.
A Casa Civil já tinha manifestado contrariedade com o bloqueio de empréstimos consignados, que, segundo a versão do ministério, teria ocorrido não apenas por uma questão de rigor na fiscalização, mas por uma trapalhada técnica. No governo, há queixas à atuação da nova direção do INSS também por parte da Secretaria de Comunicação da Presidência, que cobra respostas mais assertivas e coordenadas tanto do instituto quanto do ministério.