Enfermeira admite que emprestou senha para exclusão de vacina de Bolsonaro
Chefe de vacinação disse que não sabia que o pedido era para o ex-presidente e acreditava que as exclusões eram legítimas

Segundo o depoimento prestado à Polícia Federal, Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, responsável pela central de vacinação de Duque de Caxias (RJ), admitiu ter cedido sua senha ao secretário de Governo da cidade para apagar os registros de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro, de acordo com o Jornal Folha de S. Paulo. Ela afirmou ter sido abordada pelo secretário João Brecha para realizar essa exclusão, mas não recebeu os números de CPF das pessoas excluídas. Brecha alegou que eram pessoas importantes e conhecidas e que não queriam envolvê-la em problemas. Cláudia foi alvo da operação Venire em 3 de maio, que também realizou buscas na residência de Bolsonaro e prendeu alguns de seus principais assessores, incluindo o tenente-coronel Mauro Cid, ex-chefe da Ajudância de Ordens da Presidência da República. Ela afirmou que não viu má intenção no pedido e acreditava que as exclusões eram legítimas.
Entenda o caso
A Polícia Federal investiga possíveis fraudes no sistema de vacinação relacionadas ao certificado de vacinação de Covid utilizado por Bolsonaro e seus assessores em sua viagem aos Estados Unidos. Segundo a investigação da Polícia Federal, foi registrado no sistema que Bolsonaro recebeu duas doses da vacina contra a Covid, uma em agosto e outra em outubro. No entanto, essa informação foi inserida retroativamente em dezembro, pouco antes da viagem do ex-presidente aos Estados Unidos. O certificado de vacinação de Bolsonaro foi emitido no Palácio do Planalto em 22 de dezembro. Em 27 de dezembro, o registro foi apagado no sistema. Embora no registro no sistema de vacinação conste que a exclusão das vacinas atreladas a Bolsonaro se deu por erro, a PF afirma no pedido de busca contra Bolsonaro que isso foi feito para “dificultar a identificação do proveito do crime de inserção dos dados falsos no sistema”.