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Empresário reafirma a Moro que não recebeu aluguéis de Lula

Defesa de Costamarques diz ao juiz que registros de visitas do Hospital Sírio-Libanês podem comprovar que advogado de Lula levou recibos para sua assinatura

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 set 2017, 17h43 - Publicado em 29 set 2017, 14h12

A defesa do empresário Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, reafirmou ao juiz Sergio Moro nesta quinta-feira que ele não recebeu do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre fevereiro de 2011 e outubro de 2015, aluguéis de uma cobertura vizinha à do petista em São Bernardo do Campo (SP). Na petição encaminhada a Moro, os advogados do empresário também pedem que o magistrado determine ao Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, o fornecimento de informações a respeito dos visitantes entre 22 de novembro e 29 de dezembro de 2015.

Segundo a defesa de Costamarques, foi neste período, enquanto ele estava internado para uma cirurgia cardíaca, que o advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, e o contador João Leite o procuraram no hospital para que ele assinasse recibos de aluguel referentes ao ano de 2015, mesmo sem ter recebido pela locação. “Os recibos referentes à locação em causa foram exigidos do defendente, em razão da existência do contrato de locação, e corresponderam à confiança, amizade e grande estima que devotava ao primo, José Carlos Costa Marques Bumlai”, afirmam os advogados no documento.

As investigações da Lava Jato indicam que a Odebrecht comprou o apartamento a Lula e usou Glaucos da Costamarques como “laranja” na transação. Ambos estão entre os réus em um processo que apura a compra da cobertura e de outro imóvel, que serviria de sede ao Instituto Lula e também teria sido pago pela empreiteira. Para comprovar que o apartamento não pertence ao ex-presidente e que o aluguel foi pago, os advogados do petista apresentaram a Sergio Moro na última segunda-feira o contrato de locação, assinado em 2 de fevereiro de 2011, e 26 recibos de aluguéis assinados pelo empresário, entre agosto de 2011 e dezembro de 2015.

“O pagamento de alugueres, esclareça-se, só começou a ocorrer após visita do Dr. Roberto Teixeira ao defendente, quando este estava internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde Glaucos se submeteria a intervenção cardiovascular. Foi nesta visita que o referido advogado informou-o de que os alugueres passariam a ser pagos regularmente”, afirma a defesa de Costamarques. O primeiro aluguel teria sido pago em novembro de 2015 e, desde então, passou a ser quitados regularmente.

Os advogados dele ainda argumentam que a inclusão dos recibos na declaração de Imposto de Renda do empresário se deu “em razão da própria existência do contrato de locação, da promessa de pagamento de todas as parcelas pelo seu primo e da orientação de que deveria, sim, declarar tais valores e sobre eles pagar o respectivo imposto”.

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Ainda conforme o documento anexado pelos defensores de Glaucos Costamarques no processo, o empresário comprou o apartamento após um pedido de José Carlos Bumlai. O pecuarista, amigo de Lula, alegou a Costamarques que precisava atender a um pedido da ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva e que não tinha dinheiro no momento para fazer a aquisição.

Segundo Bumlai teria dito a seu primo, Marisa Letícia estava “preocupada com o fato de alguém poder interessar-se pelo imóvel, que era localizado no mesmo andar, e em frente, ao apartamento que servia de residência ao ex-presidente e sua esposa, cuja privacidade poderia ser comprometida”.

“Glaucos da Costamarques adquiriu o apartamento e locou-o à Sra. Marisa Letícia, única e exclusivamente em razão do pedido feito pelo seu primo José Carlos Costa Marques Bumlai. Não tinha, nem tem, nenhum relacionamento com o Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, ou familiares, de forma direta”, dizem os advogados.

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Defesa de Lula sugere perícia em recibos

Em vídeo divulgado nas redes sociais nesta quinta-feira, a defesa de Lula reagiu às declarações de João Mestieri, advogado de Glaucos da Costamarques, de que os recibos apresentados pelo petista não comprovam que houve pagamento de aluguéis da cobertura vizinha à do ex-presidente. A VEJA, Mestieri afirmou que “os recibos não provam o recebimento do dinheiro”.

Cristiano Zanin Martins, advogado do ex-presidente, sugeriu, diante de dúvidas sobre a autenticidade dos recibos, que eles sejam periciados. “De qualquer forma, se houver qualquer dúvida ou questionamento sobre esses recibos, que seja feita uma perícia, avaliando de quem é a assinatura, quando os documentos foram feitos, dentre outras coisas”, afirma Zanin Martins, que ressalta que “a responsabilidade pelos documentos é de quem o assina”.

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