Emedebistas desconfiam das intenções de Michel Temer
Correligionários acreditam que ex-presidente estaria trabalhando para se cacifar como o candidato da terceira via

Entre apoiadores de Lula, Jair Bolsonaro e da pré-candidatura da senadora Simone Tebet dentro do MDB, caciques da sigla têm alimentado a desconfiança de que o ex-presidente Michel Temer, embora negue, estaria no aquecimento para uma eventual (e altamente remota) convocação para se candidatar ao Palácio do Planalto em outubro. A convicção, reforçada nos últimos dias pela ala do partido ligada a Lula, ganhou corpo depois de Temer voltar a rebater o ex-presidente petista, que se eleito pretende alterar pontos da reforma trabalhista, e dizer que o adversário quer “eliminar o direito dos trabalhadores”.
A entrada de Temer em campo para defender um tema caro a seu governo – a reforma trabalhista foi aprovada em 2017, na gestão do emedebista – foi interpretada por correligionários como uma tentativa do ex-presidente de polarizar o debate com o líder nas pesquisas de intenção de voto e chamar para si avaliações de que, em uma disputa extremada, ele poderia encarnar o candidato de centro. No raciocínio de lulistas do MDB, o retorno de Temer ao noticiário como mediador de uma conversa entre o presidente Bolsonaro e o ministro Alexandre de Moraes no auge da crise do Palácio do Planalto com o Judiciário e o discurso de que o ex-presidente seria um “pacificador” de uma sociedade rachada entre apoiadores de Lula e do capitão reformado, teriam como propósito ventilar a candidatura dele como uma possibilidade a ser considerada. Temer já negou publicamente ser candidato da terceira via.
“Sou e sempre serei candidato a juntar os contrários em busca do bem comum. Sou e sempre serei candidato ao debate franco para que as diferenças sejam assimiladas pelo diálogo. Sou e sempre serei candidato a defender a pacificação do Brasil”, disse ele dias depois de Bolsonaro ter divulgado a apoiadores mensagem em que dizia que “Michel Temer será a terceira via, bem como teremos Alexandre de Moraes presidindo o TSE por ocasião das eleições”.