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Embolada, eleição em Recife tem batalha campal por votos no último dia

Primos de segundo grau, João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT) partiram para o vale tudo na reta final da campanha mais quente do país

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 28 nov 2020, 16h57 - Publicado em 28 nov 2020, 16h56

Se na maioria das cidades as eleições deste ano foram mornas ou frias, em Recife a disputa político-familiar entre João Campos (PSB) e Marília Arraes (PT) fervilhou até o último dia de campanha e mobilizou a população como há muito tempo não se via. Neste sábado, dia 28, dia ensolarado de 30 graus na capital de Pernambuco, havia mais gente nos semáforos, praças e esquinas fazendo bandeiraços, panfletaços e carreatas do que nas praias e parques.

Com o placar ainda indefinido, o clima na cidade era de derby de futebol. Os dois postulantes travaram uma verdadeira batalha campal para conseguir virar votos aos 45 minutos do segundo tempo. A briga entre os dois primos de segundo grau que lutam pelo legado do ícone da política pernambucana Miguel Arraes e o ambiente conflagrado de “casos de Família” despertou o interesse dos recifenses. VEJA percorreu os bairros da Zona Norte à Zona Sul de Recife atrás doscomícios dos candidatos, e o que mais ouviu da população é que “estava todo mundo dividido”.

Nos bairros mais pobres da capital, a paisagem foi pintada com bandeiras vermelhas de Marília alternadas com as amarelas de João. Na cabeça da maioria dos eleitores, os dois faziam parte do mesmo grupo político há poucos meses e ainda não sabem definir a diferença entre um e outro — o PT e o PSB comandam a cidade há mais de 20 anos. A confusão se reflete nas pesquisas eleitorais: um empate técnico entre os dois candidatos — em algumas, um aparece numericamente na frente; em outras, o inverso.

Enquanto no primeiro turno evitaram o confronto direto e preferiram concentrar a artilharia nos candidatos da direita, no segundo turno, os postulantes partiram para o vale-tudo. A guerra se manifestou nos debates, nos atos de rua, nas correntes do WhatsApp e, sobretudo, na Justiça. Foram mais de 30 ações, de um lado e do outro, para conseguir direito de resposta ou retirar do ar algum material ofensivo de campanha.

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De fato, houve exagero dos dois lados. Campos tentou colar na adversária a imagem de anticristã que repudia a Bíblia — nas igrejas, circularam panfletos apócrifos dizendo que “quem é cristão não vota na Marília”. Ela, por sua vez, colocou na TV um trecho de uma entrevista antiga da ministra do TCU Ana Arraes, filha de Miguel Arraes, criticando o “desrespeito” do neto João Campos. Nesta sexta-feira, a Justiça eleitoral ainda determinou que o prefeito Geraldo Júlio (PSB) e o seu secretariado “se abstenham” de convocar servidores a fazer campanha para o candidato socialista.

A troca constante de hostilidades abriu fissuras que dificilmente se cicatrizarão após o término da eleição. E o racha em Recife não é só dentro do clã Arraes, mas na esquerda em nível nacional. Enquanto Marina Silva (Rede), Flávio Dino (PCdoB) e Ciro Gomes (PDT) declararam apoio a João Campos, Lula (PT), Fernando Haddad (PT) e Guilherme Boulos (PSOL) foram para o lado de Marília Arraes. A eleição mais acirrada da capital pernambucana tem tudo para continuar reverberando mesmo depois do resultado final de domingo.

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