Em entrevista, Ciro Gomes ataca Doria, Bolsonaro, Lula e Dilma
Presidenciável do PDT prega fim da polarização política no país: ‘o Brasil não pode cair na esparrela de aceitar a falsa divisão entre coxinha e mortadela’
O pré-candidato à presidência Ciro Gomes (PDT-CE) foi entrevistado nesta quarta-feira no programa Pânico, da rádio Jovem Pan, e não poupou críticas a três possíveis concorrentes nas eleições de 2018: Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PSC) e João Doria (PSDB), além da ex-presidente Dilma Rouseff (PT).
No início da entrevista, que teve mais de uma hora de duração, o presidenciável defende o fim da polarização entre os brasileiros para que os problemas possam ser superados. “O Brasil não pode cair na esparrela de aceitar essa falsa divisão entre coxinha e mortadela. Tem que discutir o futuro. Se a gente for transformar o embate que nós temos hoje nesse ódio ou paixão ao redor do Lula, o Brasil não sai de onde está.”
Doria
Ao ser questionado pelos integrantes da bancada sobre a ovada recebida pelo pelo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB) durante uma visita a Salvador na segunda-feira, Ciro disse que a atitude do manifestante não foi normal nem civilizada, mas aproveitou para criticar o paulista. “O Doria, na posição de prefeito de São Paulo, aperfeiçoa essa tragédia brasileira, porque é aquele político que não tem nada na cabeça e lê pesquisa com assessoria de marquetagem comercial. O que é que o marqueteiro está dizendo? Tá todo mundo p… com os políticos, então ele é um não-político. Todo mundo quer alguém que resolva os problemas, então ele é um gestor. E tá todo mundo zangadíssimo com a esculhambação que generalizou-se no PT, então ele é anti-PT, o anti-Lula e é grosseiro… Isso não resolve nada.”
O Doria aperfeiçoa essa tragédia brasileira [cultura do ódio], porque é aquele político que não tem nada na cabeça e lê pesquisa com assessoria de marquetagem comercial (…). Tá todo mundo p… com os políticos, então ele é um não-político. Todo mundo quer alguém que resolva os problemas, então ele é um gestor.
Dilma
Ciro afirmou ter considerado o processo de impeachment um golpe, mas que não quer dizer que aprovasse o governo da petista. “Falar mal do governo da Dilma é uma coisa quase covarde, porque é um governo desastrado. Corrupta ela não é, tanto que nem sequer foi acusada”, disse. “Foi golpe porque governo corrupto você tem que provar funcionalmente o crime de responsabilidade dolosamente cometido pelo titular. E não aconteceu. Eu vou ser presidente do Brasil e ninguém vai me derrubar por protocolos formais. A Dilma se deixou imolar porque não é do ramo.”
Falar mal do governo da Dilma é uma coisa quase covarde, porque é um governo desastrado. (…) Eu vou ser presidente do Brasil e ninguém vai me derrubar por protocolos formais. A Dilma se deixou imolar porque não é do ramo.
Lula
Durante uma brincadeira entre os integrantes do programa sobre a melhor escolha no caso de um segundo turno entre Lula e Bolsonaro, Ciro respondeu: “Eu tapo o nariz e voto no Lula”. Em outro momento da entrevista, ele diz que Lula entregou Furnas ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e que, em razão de sua popularidade. “brincou de Deus” ao escolher Michel Temer (PMDB) como vice de Dilma Rousseff na chapa presidencial de 2014.
Eu tapo o nariz e voto no Lula [sobre um hipotético segundo turno entre o petista e Jair Bolsonaro].
Bolsonaro
Embora Ciro tenha reforçado ao longo da entrevista que respeita e tem uma boa relação com Jair Bolsonaro, ele diz considerar o deputado um personagem que, na opinião dele, está “prestando um bom serviço” para o país neste momento. “Ele está destruindo a fraude que o PSDB representa. Tirou todo esse eleitorado de direita, mais reativo, xenófobo, racista, elitista etc. que existe no país e que votava escondido no armário no PSDB. Então, o prejuízo que ele está causando ao PSDB é mortal, ele é um problema do PSDB.”
Para Ciro, no entanto, antes de ter pretensão de chegar ao Palácio do Planalto, Bolsonaro deveria tentar ser prefeito do Rio como experiência e que a popularidade dele se deve ao fato de ele ter respostas a duas grandes questões dos brasileiros, ainda que “toscamente”: a corrupção e a violência. “Se o cara chega ali, na Presidência da República, deixando o povo acreditar, falando bandido bom é bandido morto e a ladroeira vai acabar, porque no meu governo não tem, é mentira ou despreparo.”
Se o cara [Bolsonaro] chega ali, na Presidência da República, deixando o povo acreditar, falando bandido bom é bandido morto e a ladroeira vai acabar, porque no meu governo não tem, é mentira ou despreparo.