Em dia de depoimento de Moro, Bolsonaro chama ex-ministro de ‘Judas’
Ex-ministro prestará esclarecimentos neste sábado sobre as acusações de que o presidente tentou interferir no trabalho da Polícia Federal

O presidente Jair Bolsonaro chamou seu ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro de “Judas” na manhã deste sábado, 2, ao postar um vídeo com o título “Quem mandou matar Bolsonaro?”, em referência à facada que levou de Adélio Bispo durante a campanha eleitoral de 2018. “Os mandantes estão em Brasília?”, escreveu em seu perfil no Twitter. “O Judas, que deporá, interferiu para que não se investigasse?”
Moro é esperado na sede da Polícia Federal em Curitiba hoje para prestar depoimento sobre as acusações, feitas por ele ao anunciar que estava deixando o governo, de que Bolsonaro tentou interferir no trabalho da PF.
O depoimento de Moro foi determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, relator da investigação. Nesta sexta-feira, ele deferiu pedido formulado pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, e designou três procuradores indicados pela PGR para acompanhar o depoimento do ex-ministro.
https://twitter.com/jairbolsonaro/status/1256570448088883200
Em pronunciamento feito após o pedido de demissão de Moro, no último dia 24, Bolsonaro afirmou que nunca pediu que a PF blindasse ele ou algum membro de sua família. O presidente também comparou o atentado que sofreu em Juiz de Fora (MG) ao de Marielle Franco, vereadora do Rio morta em 2018, e afirmou que a polícia, quando Moro era ministro, “se preocupou mais com Marielle do que com o presidente da República”.
Neste sábado, no Twitter, Bolsonaro também afirmou que nada fará “que não esteja de acordo com a Constituição, mas também NÃO ADMITIREI que façam contra MIM e ao nosso Brasil passando por cima da mesma”.
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Em entrevista exclusiva a VEJA, Moro afirmou que entregaria provas de acusações de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal “em momento oportuno”. Além disso, ele revelou que é vítima de intimidação e que o presidente nunca priorizou o combate à corrupção.