Doria demite homem de confiança do vice Bruno Covas
A demissão de Fábio Lepique, influente dirigente tucano, foi motivada por uma série de desentendimentos com secretários do prefeito
Homem de confiança do vice-prefeito Bruno Covas e responsável pelas ações de zeladoria em São Paulo, o secretário adjunto de Prefeituras Regionais, Fábio Lepique, foi demitido pelo prefeito João Doria (PSDB). A exoneração deve ser publicada até sábado no Diário Oficial.
A saída de Lepique, influente dirigente tucano na capital paulista, se deu após uma série de atritos entre ele e secretários da gestão Doria mais alinhados ao prefeito e às críticas envolvendo os serviços de zeladoria, uma das bandeiras de João Doria.
O principal embate envolveu a cassação do alvará do Shopping 25 de Março, maior empreendimento no principal centro popular de compras da capital. O prédio foi lacrado em setembro por Bruno Covas, que também é secretário das Prefeituras Regionais, em ação conjunta com a Receita Federal por causa da venda de mercadorias irregulares. Segundo a Receita, mais de 880 toneladas de produtos avaliados em R$ 440 milhões foram apreendidas na operação.
Na última reunião de secretariado de Doria, o secretário de Justiça, Anderson Pomini, um dos mais próximos do prefeito, defendeu a reabertura do shopping por meio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) no qual os próprios lojistas fiscalizariam o comércio local, com o argumento de que mais de 900 famílias estariam sendo prejudicadas com o fechamento do estabelecimento.
Como Bruno Covas estava em viagem a Paris, coube a Lepique, seu adjunto, defender a ação e rebater Pomini. O embate causou uma crise política na prefeitura entre os grupos de Covas e de Doria. Aliados do prefeito já haviam se queixado da duração da viagem do vice, que ficou doze dias na França neste mês.
Também pesou para o desgaste de Lepique as críticas que a gestão Doria tem sofrido por causa dos problemas de zeladoria da cidade. Oito dos nove serviços de zeladoria, como reparos de calçadas, varrição de rua e limpeza de pichações, tiveram queda nos oito primeiros meses da administração tucana em comparação com o mesmo período de 2016.
“Lepique merece todo o respeito da gestão, mas há circunstâncias onde mesmo boas pessoas podem receber alterações de posição sem que isso implique um juízo negativo de ordem pessoal. Precisamos melhorar a qualidade da zeladoria da cidade”, afirmou Doria. O prefeito negou que a decisão tenha relação com a questão do shopping.
A queda de Lepique marca um distanciamento entre o prefeito e seu vice, que é apontado por tucanos hoje como uma das lideranças mais próximas do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Doria disputa com Alckmin, seu padrinho político, a vaga pela candidatura à Presidência da República pelo PSDB.