Deputado em jantar com presidente da China critica vazamento de fala de Janja
"Essa pessoa que vazou merece o desprezo do presidente", diz o parlamentar

O deputado Elmar Nascimento (União-BA) estava presente no jantar oferecido à comitiva brasileira pelo presidente chinês Xi Jinping , ocasião em que Janja fez um comentário sobre o Tik Tok que acabou vazando e gerando um debate sobre a participação da primeira-dama em eventos oficiais.
“A fala dela ocorreu dentro da normalidade, e a pedido de Lula. Vazar uma informação feita durante uma reunião íntima em que o presidente convidou poucas pessoas que gozam da sua confiança é algo de uma deslealdade sem limites que revela profunda falta de caráter, sobretudo porque deturpou, mentiu e tratou a primeira-dama de forma pejorativa”, disse o parlamentar.
Janja disse ao anfitrião que o Tik Tok, que pertence a uma empresa chinesa, está a serviço da extrema direita e vem sendo usada para veicular conteúdos que incentivam a violência contra mulheres e crianças. Como resposta, ouviu de Xi Jinping que o Brasil tem autonomia para regulamentar as redes sociais em seu território.
Minutos depois, a conversa foi publicada pela imprensa, acompanhada da versão de que ministros teriam ficado constrangidos com a iniciativa da primeira-dama. Quando foi questionado sobre o assunto, Lula fez questão de manifestar irritação com o vazamento. O episódio tem sido usado pela oposição na tentativa de desgastar a gestão petista, já que, de acordo com pesquisas recentes, a primeira-dama é um dos vetores de rejeição do presidente.
Além do deputado, estavam no jantar o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP), e cinco ministros: Alexandre Padilha (Saúde), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Simone Tebet (Planejamento), Rui Costa (Casa Civil) e Carlos Fávaro (Agricultura).
“Essa pessoa que vazou merece o desprezo do presidente. Fiz questão de dizer isso pessoalmente a ele”, ressaltou o deputado.
O protagonismo da primeira-dama incomoda aliados
No Planalto, muitos atribuem o vazamento ao incômodo que o protagonismo de Janja causa em parte dos aliados do presidente. A primeira-dama vem amealhando poderes desde os tempos de campanha. Na disputa presidencial, ela ajudou a definir estratégias e aproximou Lula de pautas progressistas. Depois que o petista chegou à Presidência, ajudou a montar o primeiro-escalão do governo, ao indicar, por exemplo, Margareth Menezes para o ministério da Cultura.
Janja tem acesso privilegiado ao presidente, influencia em políticas públicas e, muitas vezes, seleciona quem e quando uma pessoa pode falar com o marido. Chamada por muitos como “uma ministra sem pasta”, a primeira-dama despacha e realiza reuniões em uma sala localizada a poucos metros do gabinete presidencial.