Coordenador de curso critica protestos contra Moro em Portugal
Professor Uziel Santana diz que alunos têm 'argumentação pífia', já que maioria das decisões do juiz da Lava Jato foi acatada por instâncias superiores
As manifestações contra a presença do juiz Sergio Moro durante um curso na Universidade de Coimbra têm “argumentação pífia” e envergonham o Brasil. A avaliação é do advogado e professor Uziel Santana, coordenador do projeto de extensão “Transparência, accountability, compliance, boa governança e princípio anticorrupção”, que teve o juiz da Operação Lava Jato em Curitiba como docente de seu sétimo módulo, realizado nesta semana em Portugal (os outros seis ocorreram no Recife).
Durante a passagem de Moro pela cidade, muros da universidade foram pichados com mensagens que chamavam o juiz de “vândalo” e defendiam a investigação de seus “crimes”. A Associação de Pesquisadores e Estudantes Brasileiros em Coimbra (Apeb/Coimbra), que nega a responsabilidade pelas mensagens, enviou uma carta à coordenação do curso repudiando a participação do magistrado, que, segundo a entidade, tem atuação contestada em órgãos internacionais.
Para o professor Santana, as alegações não procedem. “O juiz Sergio Moro teve suas decisões acatadas tanto pelo Tribunal Regional Federal quanto pelo Supremo Tribunal Federal. Logo, é uma argumentação pífia dizer isso se os tribunais referendaram a atuação do juiz”, argumentou a VEJA.
“Mesmo se não fosse assim, estamos em uma universidade e devemos abrir o espaço para ouvir diferentes vozes”, completou. O docente dirige o Instituto Internacional de Pesquisas e Estudos Jurídicos em Liberdades Civis Fundamentais (FCL), entidade brasileira que promove o projeto em parceria com a universidade portuguesa.
O coordenador do curso contesta o fato de a associação de alunos não ter se incomodado com a presença de outro professor que poderia ser contestado por sua atuação política: Beto Vasconcelos, ex-secretário nacional de Justiça no governo Lula e ex-chefe de gabinete no governo Dilma Rousseff. “Quando nós tivemos professores alinhados com o que esses alunos pensam, nunca fizeram nada, nenhuma manifestação ou carta, na universidade”.
Uziel Santana argumenta que os protestos são, na sua visão, reflexo da “politização das ideias que contamina a universidade” e que estimulam casos como esses, de “patrulhamento ideológico”. O curso termina na próxima quinta-feira, quando os professores do projeto, incluindo Moro, devem assinar uma carta conjunta contra a corrupção. O documento será centrado, informa o professor, em tratar a corrupção “como um grande desafio global”.