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Construtora arrematou contrato milionário com Chávez após pagamento a Dirceu

A paranaense Consilux pagou R$ 1,04 milhão ao petista no mesmo ano em que foi escolhida por Caracas para construir 5 mil casas para um programa de moradia popular

Por Ana Clara Costa
18 mar 2015, 08h42

A construtora paranaense Consilux consta da lista de empresas que pagaram pelos serviços da consultoria JD Assessoria, do ex-ministro José Dirceu. Em 2012, a empreiteira pagou 1,04 milhão de reais pelos serviços do petista. Neste mesmo ano, arrematou um contrato de mais de 200 milhões de dólares com o governo de Hugo Chávez para construir 5.000 unidades do programa de moradias populares Misión Vivienda, similar ao Minha Casa Minha Vida.

O site de VEJA teve acesso a um documento da Receita Federal que analisou a movimentação financeira da empresa de Dirceu, a JD Assessoria. A quebra de sigilo foi determinada pela Justiça em janeiro, após indícios de que empreiteiras citadas na Operação Lava Jato e que participaram do megaesquema de fraudes em contratos com a Petrobras repassaram dinheiro para o ex-ministro. O documento mostra que o petista faturou 29 milhões de reais com a consultoria entre 2006 e 2013 e, deste valor, 8 milhões foram pagos por empresas citadas no petrolão.

A Consilux é uma empresa de porte médio com sede em Curitiba. Contudo, até ganhar seu primeiro contrato na Venezuela, em 2006, suas atividades se restringiam a comercializar radares e lombadas eletrônicas para municípios brasileiros – em especial a capital paranaense. Na esteira dos acordos de cooperação firmados entre o então presidente Lula e Hugo Chávez, em 2005, o governador do Paraná, Roberto Requião, promoveu um encontro bilateral em Caracas entre empresários do Estado e o governo chavista. Dali surgiu a oportunidade para que a construtora diversificasse sua atuação justamente em território estrangeiro. A empresa, que até então não atuava na área da construção civil, arrematou um contrato de 200 milhões de dólares para construir 5.000 moradias do Misión Vivienda.

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Até 2011, ano do primeiro pagamento da Consilux a Dirceu, no valor de 87.600 reais, as coisas na Venezuela não iam nada bem. O projeto das 5.000 moradias estava emperrado e quatro loteamentos estavam paralisados. Não bastassem os problemas burocráticos, o governo de Hugo Chávez havia congelado repasses à Consilux e devia cerca de 100 milhões de reais à empresa – os congelamentos chegaram a durar mais de seis meses. Trabalhadores das obras fizeram vigília e greve de fome em frente à Embaixada do Brasil em Caracas, afirmando que salários e benefícios estavam atrasados.

Em 2012, contudo, as coisas começaram a andar. A construtora não só fechou mais um contrato de construção de 5.000 casas para o mesmo programa, também com valor de 200 milhões de dólares, como também foi citada pelo próprio Chávez em um de seus intermináveis discursos em defesa dos programas habitacionais financiados com o dinheiro da petroleira estatal PDVSA. Naquele ano, os pagamentos a Dirceu cresceram para 1,04 milhão de reais. Em 2013, ano em que o mensaleiro foi condenado e preso, os pagamentos da Consilux foram de 100.000 reais.

Representantes da Consilux não foram localizados pela reportagem para comentar os serviços prestados por Dirceu. Contudo, em entrevista ao jornal Valor Econômico publicada em 2012, o executivo brasileiro da empresa em Caracas, Espartano da Fonseca, afirmou que os atrasos nos pagamentos e o risco político não eram necessariamente um problema para a empresa na Venezuela. A mudança de governo, sim.”O cenário político só pode intervir se houver mudança do presidente. Caso contrário, não”, disse o executivo. Neste contexto, a morte de Hugo Chávez não trouxe grandes sobressaltos. Antes de suceder o caudilho, Nicolás Maduro era chanceler – e uma de suas principais atribuições como tal era “cuidar” dos empresários de países “amigos”, como o Brasil, a China, o Irã e outros parceiros.

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