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‘Constrangimento desnecessário’ de Moraes incomoda aliados de ex-chefe do Exército

Militares afirmam que o general Freire Gomes colabora desde o início com as investigações e não merecia ser 'enquadrado' pelo ministro do Supremo

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 Maio 2025, 13h14 - Publicado em 25 Maio 2025, 13h14

Militares próximos ao ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes não esconderam o incômodo com o tratamento dispensado ao general da reserva durante o depoimento prestado à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).

Na última segunda-feira, 19, Freire Gomes falou como testemunha de acusação no âmbito do processo que investiga uma tentativa de golpe orquestrada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com a avaliação colegas de farda, só o fato de ter testemunhado contra oficiais é, por si só, motivo de desgaste para o militar.

Para piorar, o ex-comandante levou um pito do relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, que o acusou de estar mentindo durante o depoimento. “Não é natural ver um comandante do Exército, uma figura tão respeitada, tomando uma enquadrada de um ministro do STF”, afirmou um general a VEJA.

Desde o início das investigações da trama golpista, os fardados reclamam de se sentirem perseguidos e por haver um suposto esforço de macular a instituição como um todo. Há mais de uma dezena de militares investigados no inquérito, todos eles com mensagens e indícios contundentes de estarem envolvidos no enredo.

As articulações do principal deles, o ex-capitão e ex-presidente Jair Bolsonaro, foi narrada pelo próprio Freire Gomes em depoimento à Polícia Federal no ano passado. Desde que o caso veio à tona, o general submergiu, cortou laços com os colegas de farda e mergulhou em profunda tristeza, conforme narram pessoas próximas. Por isso, seus aliados viram um constrangimento desnecessário sobre uma pessoa que está colaborando com as investigações.

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As declarações de Freire Gomes à PF foram tornadas públicas tempos depois por meio de um termo policial escrito. Desde então, ele jamais apareceu em público para comentar o caso. Por ser o detentor da tropa terrestre, o ex-chefe do Exército é tratado nas investigações como o principal bastião para evitar que houvesse uma quartelada em 2022.

Diante dos ministros do Supremo, porém, Freire Gomes minimizou a gravidade das articulações naquele momento. Ele confirmou a série de reuniões com Bolsonaro e disse que o então presidente apresentou aos militares medidas como a decretação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), de estado de defesa e de sítio – o general reafirmou ainda que, entre as ideias levadas à mesa, estava a ordem de prisão do ministro Alexandre de Moraes.

No entanto, Freire Gomes afirmou que o ex-presidente apresentou “hipóteses” e “estudos” embasados na Constituição e não buscou influenciar ninguém. “Por isso não nos causou nenhuma espécie, não havia nada diferente disso”, afirmou. Ele também evitou incriminar o ex-chefe da Marinha Almir Garnier, o único dos ex-comandantes tornado réu na trama golpista após supostamente colocar suas tropas à disposição de Bolsonaro.

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Demonstrando uma visível irritação, o ministro Alexandre de Moraes interrompeu o depoimento e fez um alerta ao militar. “Eu vou dar uma chance à testemunha falar a verdade. Se mentiu à polícia, tem que dizer que mentiu à polícia. Não pode no STF dizer que não lembra, que talvez. A testemunha foi comandante do Exército. Consequentemente, está preparado a lidar sob pressão. Eu solicito que, antes de responder, pense bem”, disse o relator do caso. À altura, o militar respondeu que, com 50 anos de Exército, jamais mentiria.

Como mostra reportagem de VEJA desta edição, o início dos depoimentos ao STF evidenciou divergências importantes entre Freire Gomes e o ex-chefe da Aeronáutica, Baptista Júnior.

Questionado, o advogado João Marco Rezende, defensor do ex-comandante, nega ter havido qualquer mudança de postura de Freire Gomes. “O general manteve o que foi dito à Polícia Federal. Mas aí vem a questão de divergências em termos de interpretação, o que é natural em qualquer processo criminal. Os dois comandantes retratam da mesma maneira as reuniões, o desenrolar dos fatos e como foi o posicionamento das Forças Armadas em relação ao que estava sendo proposto”, afirma o criminalista.

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