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Com aprovação baixa e em desvantagem nas pesquisas, PT vê hegemonia na Bahia em risco

Em ironia histórica, partido vê a sua supremacia ameaçada pelo herdeiro do carlismo, o ex-prefeito ACM Neto, que lidera a pré-corrida eleitoral

Por Pedro Jordão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 ago 2025, 08h00

Em outubro de 2006, contrariando as pesquisas, que davam larga vantagem ao rival, Jaques Wagner (PT) derrotou o governador Paulo Souto (PFL) no primeiro turno e impôs uma derrota histórica ao carlismo, movimento liderado por Antônio Carlos Magalhães (ACM) e que controlava politicamente a Bahia havia mais de três décadas. O triunfo de Wagner, porém, inaugurou uma outra dinastia, a petista, que já está no seu quinto mandato, a mais longeva de um partido hoje no país. O amplo domínio permitiu fazer do estado um dos principais redutos do petismo. Ali, em 2022, Lula teve 72% dos votos no segundo turno contra Jair Bolsonaro. Vinte anos depois, no entanto, o petismo dá sinais de esgotamento a pouco mais de um ano da eleição e, ironia histórica, vê a sua supremacia ameaçada pelo herdeiro do carlismo, o ex-prefeito ACM Neto (União Brasil), que lidera a pré-corrida eleitoral.

SOBRA UM - Coronel com Jaques Wagner: risco de ser “rifado” da chapa
SOBRA UM - Coronel com Jaques Wagner: risco de ser “rifado” da chapa (Jefferson Rudy/Agência Senado)

O cenário é desafiador em todos os sentidos. Pela primeira vez, um governador do PT na Bahia chega próximo ao período de disputar a reeleição sem liderar as pesquisas e com taxa de desaprovação que supera os 50%, segundo levantamento do instituto Paraná Pesquisas do final de julho (veja o quadro). Nesse cenário, o governador Jerônimo Rodrigues já passa por um desconforto: fala-se nos bastidores que ele poderia abrir mão de renovar seu mandato para dar espaço ao retorno de Rui Costa, seu antecessor e hoje ministro da Casa Civil. Aliados e até rivais de outros partidos trabalham com essa hipótese, que o PT nega. “A reeleição do governador é um caminho de naturalidade, seja pela tradição das eleições na Bahia, seja pela força que o instituto da reeleição tem no Brasil. Jerônimo é o único candidato do PT”, diz Éden Valadares, presidente estadual da legenda. A troca, se ocorresse, não aliviaria o quadro — o ministro também enfrentaria dificuldades para vencer.

Os dois principais caciques petistas — Rui Costa e Jaques Wagner — poderiam ter um alento, já que lideram a corrida pelas duas vagas ao Senado, mas até isso pode ser um problema. Uma chapa pura petista escantearia o PSD, maior partido baiano, com 115 prefeituras (27,5% do total), principal aliança local do PT e de extrema importância nacional. Em 2022, Rui Costa deixou o governo com alta aprovação, mas abriu mão de ser senador para deixar o espaço para Otto Alencar (PSD). “Não queremos perder o nosso espaço e não existe no nosso radar assumir secretaria ou ministério no futuro. Caso sejamos rifados, temos condição de migrar para apoiar o outro candidato (ACM Neto)”, diz o senador Angelo Coronel (PSD), que precisa renovar o mandato em 2026.

REVANCHE - ACM Neto: derrotado em 2022, ele pode tirar o petismo do poder
REVANCHE - ACM Neto: derrotado em 2022, ele pode tirar o petismo do poder (@acmnetooficial/Instagram)
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O eventual fim da aliança PT-PSD poderia assim ajudar a fortalecer ACM Neto, que já tem mais de 50% das intenções de voto, com a construção de uma grande frente de direita e antipetista. Hoje, já estão alinhados a ele o PP, que estará em uma federação com o União Brasil, o Republicanos, o PL e o PSDB. Retirar um importante aliado dos petistas, como Angelo Coronel, que conta com apoio de muitos prefeitos, seria um golpe na chapa governista. “Depois de vinte anos do PT na Bahia, sendo catorze com governos do PT em Brasília, a faca e o queijo na mão, o estado tem os piores índices do Brasil em áreas essenciais”, diz ACM Neto, que perdeu para Jerônimo em 2022. O nome do ex-ministro João Roma (PL), terceiro nas sondagens eleitorais, aparece entre as possibilidades de composição com o carlismo, de forma a tentar com ele garantir ao bolsonarismo uma vaga no Senado.

arte pesquisa

A Bahia é estratégica para Lula no xadrez de 2026. Uma derrocada da fortaleza petista poderia ter impacto na sua candidatura à reeleição, ainda mais se vier acompanhada de um racha entre PT e PSD. O partido aliado é uma das preocupações prioritárias de Lula para o ano que vem, já que o cacique da sigla, Gilberto Kassab, dá sinais de que pretende dar um passo mais para a direita. “Há o interesse do governo Lula em pelo menos dividir o PSD ou fazer com que ele não dê apoio explícito a um candidato de oposição”, avalia Renato Francisquini, professor de política da UFBA. Uma derrota no maior colégio eleitoral petista do Nordeste seria um pesadelo, mas a crença no partido é de que a virada virá ao longo da campanha. A ver. Certo apenas é que essa eleição se dará em um clima quente, digno de um Bahia x Vitória, o grande clássico de futebol do estado.

Publicado em VEJA de 8 de agosto de 2025, edição nº 2956

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