Caciques dizem que perfil de Gleisi dificulta aprovação dela para vaga no TCU
Embates com parlamentares e preferência por nome de líder petista podem ser pedras no caminho da presidente do PT para a Corte de Contas
O perfil da deputada e presidente do PT Gleisi Hoffmann há anos é estratégico para o presidente Lula, pragmático a ponto de, com a petista como porta-voz, desautorizar seu campo político quando enxerga dividendos próprios. Em tempos de negociação para definir o nome do virtual futuro ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), no entanto, a personalidade forte da dirigente petista é apontada hoje por parlamentares e integrantes da Corte de Contas como entrave relevante para que ela um dia seja escolhida para a vaga.
A dança de cadeiras no TCU é uma das moedas de troca para a construção do nome do deputado Hugo Motta (Republicanos –SP) à Presidência da Câmara, e a vaga do ministro Aroldo Cedraz foi oferecida ao PT em troca do embarque do partido na candidatura. Caso não antecipe a aposentadoria, Cedraz só deixa o cargo em fevereiro de 2026, mas a promessa de que os petistas poderão indicar o sucessor está dada desde já.
Gleisi é uma das cotadas ao lado do líder do partido na Câmara, Odair Cunha (PT-MG). Secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior também é citada, mas, por ser um quadro de fora da Câmara, dificilmente terá força política para levar seu nome adiante. Ao contrário das vagas de indicação do Senado, que nos últimos anos foram ocupadas por não-senadores como Raimundo Carreiro e o atual presidente do TCU Bruno Dantas, a Câmara historicamente indica um dos seus para o posto.
O Tribunal de Contas é composto por nove ministros – três indicados pela Câmara, três pelo Senado e três pela Presidência da República, neste último caso sendo uma vaga de livre escolha do chefe do Executivo, uma entre o quadro de auditores e uma entre membros do Ministério Público junto ao TCU.
Outra vaga no TCU à vista
Deputados quando conseguiram a indicação ao TCU, Aroldo Cedraz e Augusto Nardes completam 75 anos de idade em 2026 e 2027, respectivamente, e serão abarcados pela aposentadoria compulsória. Além da cadeira de Cedraz, a vaga de Nardes também chegou a ser ofertada a concorrentes de Hugo Motta, como o deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA), para que abrissem espaço para um nome de consenso, mas a negociação não foi levada adiante. A preço de hoje, Cedraz, dizem interlocutores do tribunal, concordaria em antecipar em mais de um ano sua saída da Corte em troca da nomeação para uma embaixada ou organismo internacional.
Para a vaga de Nardes, que já ambicionou a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro para concorrer ao Senado pelo Rio Grande do Sul em 2026, os primeiros concorrentes a substitui-lo já começaram a se movimentar entre parlamentares e integrantes do TCU. Entre eles estão o ministro dos Portos e Aeroportos Silvio Costa Filho e a esposa do ex-ministro João Roma, Roberta Roma.