Brasil e China concordaram em reforçar intercâmbios, diz Mourão
De acordo com o vice-presidente, os dois países concordaram em reforçar intercâmbios e cooperação em vários campos
O vice-presidente Hamilton Mourão disse que o país conseguiu passar sua mensagem à China sobre a importância do aprofundamento dos laços comerciais entre os dois países. De acordo com Mourão, os dois países concordaram em reforçar intercâmbios e cooperação em vários campos, promover a facilitação do comércio, otimizar a estrutura comercial e promover o crescimento da alta qualidade do comércio bilateral.
Durante a sua viagem à China, Mourão falou com investidores chineses e também retomou as reuniões da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), ao lado do vice-presidente chinês, Wang Qishan, em Pequim. A comissão, instituída em 2004 e parada desde 2015, é o principal mecanismo de coordenação da relação bilateral entre o Brasil e a China e é comandada pelos vice-presidentes dos dois países.
“A viagem tinha dois objetivos primordiais: o primeiro era passar a mensagem do governo brasileiro ao governo chinês da nossa firme vontade de aprofundar o relacionamento entre os dois países e isso foi obtido de forma muito contundente”, disse Mourão. “A outra seria fazer uma nova leitura da Cosban que estava parada e, ao realizar essa reunião com menos de seis meses de governo, nós mostramos ao governo chinês a disposição do governo brasileiro de manter a comissão como um mecanismo de mais alto nível de ligação entre os dois países”.
Novo Banco de Desenvolvimento
Mourão disse que, entre outros assuntos, foram discutidos temas como a aprovação de frigoríficos brasileiros para exportação, a fabricação e venda de aviões da Embraer e o mercado de sementes geneticamente modificadas. Também foi debatida a necessidade de se aprofundar os debates na área de infraestrutura, com uma possível criação de uma subcomissão de infraestrutura na comissão.
Sobre este último ponto, Mourão voltou a defender a necessidade de o Brasil utilizar mais os recursos do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), criado pelo Brics (grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em 2015, para financiar projetos de infraestrutura no país. O tema já foi debatido com as pastas da Infraestrutura e Desenvolvimento Regional.
Uma das ideias é utilizar a Empresa de Projetos de Logística (EPL) para intensificar a formatação dos projetos incluídos no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) para buscar financiamento junto ao banco. Segundo Mourão, o Brasil dispõe de uma linha de crédito de US$ 2 bilhões, mas até o momento só utilizou cerca de US$ 600 milhões.
“Temos uma linha de crédito boa no banco e não estamos utilizando porque estamos sem projetos consistentes para isso. É importante tomar conhecimento disso e poder conversar com as nossas áreas de projetos aqui, dos ministérios da Infraestrutura e do MDR [Desenvolvimento Regional], que são as áreas que o banco pode financiar”, disse.
Ainda de acordo com o vice-presidente, os países que formaram o banco estão buscando novos integrantes para compor a carteira do NDB. “Temos a ideia de convidar outros países da América Latina, como o Chile…, a Argentina está vivendo uma situação difícil, mas o Peru, a Colômbia poderiam participar e alguns países da América Central também”, disse.
Guerra comercial
Questionado como estava vendo o desdobramento da guerra comercial entre Estados Unidos e China, Mourão disse que o Brasil tem que adotar uma postura pragmática. “O Brasil tem que ter uma posição flexível em relação a isso, nem se agarrar demais em um, nem em outro, tem que adotar uma posição pragmática”, disse.
O vice-presidente chegou à China no último domingo, 19, e permaneceu até sexta-feira, 24. Em sua agenda, além da reunião da Cosban, Mourão teve compromissos em Pequim e Xangai, com destaque para uma audiência com o presidente Xi Jinping. A viagem também serviu como preparativo para a visita do presidente Jair Bolsonaro ao país asiático. O encontro tem previsão de ocorrer em agosto.
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