Bolsonaro defende gravação de professores por alunos em sala de aula
O presidente eleito também criticou a prova do Enem, que incluiu pergunta que envolve linguagem usada por gays e travestis
O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta segunda-feira, 5, ser favorável à gravação de professores por alunos dentro de sala da aula. “Só o mau professor se preocupa com isso daí”, disse, em entrevista à Band, após criticar o ensino de questões relacionadas a minorias e defender o projeto Escola sem Partido, movimento que visa a combater uma suposta “doutrinação ideológica” nas instituições de ensino — e já foi contestado pela Advocacia-Geral da União (AGU) e pelo Ministério Público Federal (MPF).
A gravação ou filmagem de professores chegou a ser estimulada após o segundo turno por uma deputada estadual de seu partido eleita em Santa Catarina, que tentava coibir manifestações contrárias à eleição de Bolsonaro. Denunciada pelo Ministério Público, Ana Caroline Campagnolo foi impedida pela Justiça de seguir com sua campanha. Segundo a decisão, a prática fere a liberdade de expressão, o pluralismo de ideias e as concepções pedagógicas.
Entretanto, para Bolsonaro, os professores deveriam se orgulhar caso suas aulas fossem gravadas por alunos. “Quando eu dava aula de educação física no quartel, se tivesse alguém me filmando — naquela época não tinha telefone celular —, não teria problema nenhum.”
O presidente eleito também criticou a prova do Exame Nacional do Ensino Médio, que no domingo, 4, incluiu uma pergunta de linguagem que citava o “pajubá”, descrito na prova como o “dialeto secreto” usado por gays e travestis.
“Uma questão de prova que entra na dialética, na linguagem secreta de gays e travestis, não tem nada a ver. Não mede conhecimento nenhum. A não ser obrigar para que no futuro a garotada se interesse mais por esse assunto. Temos que fazer com que o Enem cobre conhecimentos úteis”, disse na entrevista.