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Bolsonaro chega às convenções com negativas de apoio de partidos

Em menos de 48 horas, aliança com presidenciável foi rejeitada pelo PR e pelo nanico PRP

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 19 jul 2018, 10h09 - Publicado em 19 jul 2018, 09h54

O pré-candidato do PSL ao Palácio do Planalto, deputado Jair Bolsonaro (RJ), já se prepara para uma campanha solo após tentativas frustradas de alianças partidárias. Em menos de 48 horas, ele ouviu um “não” do PR, comandado pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto (SP), e do nanico PRP — legenda do general da reserva Augusto Heleno Ribeiro, cotado até então para ser o vice na chapa.

Caso não consiga romper o isolamento, Bolsonaro vai dispor de apenas oito segundos em cada um dos dois blocos diários de 25 minutos no horário gratuito de rádio e TV, a partir de 31 de agosto. Pelo Twitter, o presidenciável minimizou a situação. “O nosso partido é o povo brasileiro e não os líderes partidários que representam o atual sistema no Brasil”, escreveu na rede social.

Às vésperas de sua convenção partidária, no domingo, o presidenciável poderá ser obrigado a formar uma chapa pura, caso opte por dividir palanque com a advogada Janaina Paschoal, autora do pedido de impeachment da ex-presidente petista Dilma Rousseff (PT) e que se filiou ao PSL em maio. Em entrevista à Rádio Eldorado, entretanto, ela disse que ainda não recebeu nenhum convite.

“Não tenho como responder (se aceita ou não ser vice na chapa de Bolsonaro) porque nada me foi perguntado”, disse. Janaina Paschoal acrescentou que não conhece Bolsonaro pessoalmente e que falou com ele por telefone quando se filiou ao PSL. A campanha do militar avalia também outra aliança “nanica”, com o PRTB, que indicaria como vice o recém-filiado general da reserva Hamilton Mourão.

O deputado lidera as pesquisas de intenção de voto nos cenários sem a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), condenado e preso na Lava Jato. Apesar da posição privilegiada na disputa presidencial e da longa carreira de parlamentar (ele está na Câmara há 27 anos, no sétimo mandato consecutivo), Bolsonaro enfrenta grande dificuldade para fechar acordos com outras siglas.

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Analistas políticos avaliam que sua candidatura é considerada “de alto risco” pelo sistema partidário. O cálculo que vem sendo feito por líderes políticos é de que Bolsonaro teria dificuldades de vencer a eleição no segundo turno. Nas negociações, as legendas têm dado prioridade às candidaturas proporcionais, para a formação de bancadas no Congresso.

O PRP tem 4 segundos em cada bloco no horário gratuito de rádio e TV. Após recusar a vaga de vice de Bolsonaro, o partido afirmou que eventual aliança presidencial só será fechada se não atrapalhar a meta preconizada na cláusula de desempenho — quantidade mínima de deputados que um partido deve eleger para ter acesso ao Fundo Partidário e tempo no horário eleitoral a partir das próximas eleições.

Os representantes do PRP alegaram que já tinham se comprometido com algumas alianças regionais e que não haveria viabilidade de consultar os diretórios para fechar questão em torno de Bolsonaro. “O que eles alegaram é que não daria tempo de reunir os estados, que tem estados que já estão fechados com o governador e gente querendo apoiar outro candidado (à Presidência)”, disse Bolsonaro a VEJA nesta quarta-feira. Mesmo quando o PSL ofereceu uma aliança apenas no plano nacional, com liberdade nos estados, a resposta foi negativa. “Todo mundo ficou chateado. Nós achamos que seria bom para o PRP”, afirmou Bolsonaro a VEJA.

Para enfrentar a falta de palanque eletrônico, a campanha do PSL já prevê uma estratégia que envolve recursos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para usar o direito de resposta no espaço dos concorrentes. A avaliação é de que Bolsonaro será constantemente alvo de ataques. “Vamos jogar no contra-ataque”, afirmou o deputado Luciano Bivar (PSL-PE), um dos articuladores da campanha.

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Vice

O senador Magno Malta (PR-ES) era o nome preferido de Bolsonaro para ser o vice na chapa por atuar entre o eleitorado evangélico. Quando Malta começou a dar demonstrações de que não aceitaria o convite, o pré-candidato sugeriu que a “missão” ficaria a cargo do general Heleno. O PRP, no entanto, brecou a aliança. Heleno informou ao partido que vai se desfiliar para atuar na coordenação da campanha de Bolsonaro.

Janaina Pascoal afirmou que não havia recebido convite para ser vice. Mas não descartou a hipótese. “Se houver um convite dessa envergadura, será necessária uma longa conversa para amadurecer a ideia. Não tenho nenhuma pressa para uma definição. Penso que o candidato deve ter todo o tempo possível para refletir.”

Em novembro, Bolsonaro, em encontro numa casa de representação dos deputados ruralistas em Brasília, que não se importava com coligações. Ele tirou um aparelho celular do bolso e disse que não precisava de espaço no rádio e na TV nem aliar-se a partidos “corruptos”, segundo ele. A aposta era conquistar o eleitorado por meio das redes sociais.

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Nesta quarta, em Fortaleza, o coordenador econômico de Bolsonaro, Paulo Guedes, falou em recusa a “alianças mercenárias”. “Ele não aceita este apoio parlamentar que venha na base de alianças mercenárias. Da compra de voto no varejo. Do toma lá dá cá. Isso está acontecendo. Aconteceu com o PRP”, disse.

(com Estadão Conteúdo)

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