Bolsonaro avança entre os de maior renda, mas pena entre os mais pobres
Presidente aposta no novo Bolsa Família para turbinar a aprovação ao governo entre quem ganha até dois salários mínimos. Hoje, ela é de apenas 21%.
Pesquisa da Quaest Consultoria encomendada pela Genial Investimentos mostra que a avaliação do governo Bolsonaro está estável. De 1.500 entrevistados entre os dias 29 de julho e primeiro de agosto, 44% consideram a gestão negativa, e apenas 26% positiva. Os números são os mesmos da rodada anterior, realizada no início do mês passado. A margem de erro é de três pontos percentuais.
Apesar da estabilidade no quadro geral, houve mudança na composição da aprovação ao governo. A avaliação positiva passou de 27% para 41% entre quem ganha mais de cinco salários mínimos. Já a negativa caiu de 45% para 36% nesse mesmo estrato. Entre quem ganha até dois salários mínimos, a reprovação passou de 46% para 49%, dentro da margem de erro. “Os estratos de renda mais alta voltaram a apoiar o presidente, mas como eles são numericamente menores o efeito na avaliação geral é marginal”, diz o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest.
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Novo chefe da Casa Civil, o senador Ciro Nogueira diz que Jair Bolsonaro (sem partido) retomará o favoritismo para conquistar a reeleição caso a aprovação a sua administração volte, pelo menos, à casa de 40%. Os governistas acreditam que a recuperação da economia e o avanço da vacinação contra a Covid-19 ajudarão o presidente a ganhar terreno. Outra aposta é justamente na ampliação do Bolsa Família, que deve ter aumento tanto no número de beneficiários quanto no valor do benefício, que deve ser dobrado.
“O desafio continua sendo conquistar os mais pobres. Isso só acontece se o governo convencer mais gente que a economia vai melhorar”, afirma Nunes. A pesquisa traz um bom parâmetro para Bolsonaro. Quando perguntados sobre a expectativa para a economia nos próximos 12 meses, 50% dos entrevistados responderam que ela vai melhorar, enquanto 24% afirmaram o contrário. O otimismo é preponderante. Se ele não for frustrado, o mandatário tende a ganhar fôlego. O contrário, no entanto, pode minar as chances de reeleição.
Hoje, a situação de Bolsonaro não é das mais confortáveis. Ele está em segundo lugar nas intenções de voto, atrás do ex-presidente Lula (PT). O petista lidera nos seis cenários de primeiro turno apresentados aos entrevistados. Em todos eles, atinge um percentual igual à soma das intenções de voto dos outros pré-candidatos, considerada a margem de erro. Essa situação significa que o petista poderia até vencer no primeiro turno caso a eleição fosse realizada hoje. Nunes não acha isso provável: “Muito difícil o Lula ganhar no primeiro turno. Ele está no seu teto”.
A pesquisa mostra que, além dos dois favoritos, três nomes cotados para concorrer à Presidência atingem 10% de preferência e, portanto, têm potencial para tentar romper a polarização entre Lula e Jair Bolsonaro. São eles: o eterno presidenciável Ciro Gomes (PDT), o ex-ministro Sergio Moro (sem partido) e o apresentador José Luiz Datena (PSL). O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), continua sem deslanchar, assim como seu colega de partido Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, e o ex-ministro Henrique Mandetta (DEM)
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No cenário considerado mais provável até agora, Lula tem 44%, Bolsonaro 29%, Ciro 10% e Doria 5%. Há um empate entre o petista e os rivais somados. Lula aparece numericamente atrás — mas numa situação de empate técnico, considerada a margem de erro — nos cenários em que Doria dá lugar a Moro ou a Datena. Nestes dois casos, o petista soma 44%, antes 47% dos demais (ver quadro). Nas simulações de segundo turno, o ex-presidente vence Bolsonaro por ampla vantagem: 54% a 33%.
A pesquisa também ratifica que há espaço para a construção de uma terceira via competitiva. Isso fica claro nas intenções de voto espontâneas, nas quais os indecisos alcançaram 56% e ficaram em primeiro lugar, superando Lula (23%), Bolsonaro (18%) e Ciro Gomes (1%). “Pode haver grandes mudanças no quadro a depender da articulação da terceira via e dos resultados econômicos”, declara Nunes.