Bolsonaro aceitará o resultado da eleição — desde que não seja o do TSE
Em reunião ministerial, presidente diz que passará a faixa feliz se Lula ganhar na contagem de qualquer instância diferente da Justiça Eleitoral

Com o apoio dos militares, Jair Bolsonaro quer forçar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a acolher as sugestões de sua equipe sobre o processo eleitoral antes da realização da votação. Se isso não ocorrer, ele dá a entender que não reconhecerá eventual resultado desfavorável e, mais grave, que convocará o Exército para auditar o resultado final. Até agora, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio de Oliveira, e o general Braga Netto, candidato a vice na chapa à reeleição, mostram-se fechados com o ex-capitão nesse assunto.
Sensível às mais variadas teorias da conspiração, o presidente está certo de que a cúpula da Justiça Eleitoral é protagonista de uma trama destinada a tirá-lo do poder e entronizar Lula no Palácio do Planalto. O golpe seria dado com o uso das urnas eletrônicas, que fraudariam votos para beneficiar o petista. Desde a implantação das urnas eletrônicas, em 1996, nunca houve comprovação de fraude, mas Bolsonaro ignora esse fato e insiste em semear suspeitas sobre a segurança do processo eleitoral com o objetivo de alertar, desde já, que não aceitará sem resistência eventual derrota em outubro.
Na reunião ministerial da última terça-feira, 5, Bolsonaro afirmou aos presentes que só passará a faixa presidencial se o rival petista for declarado vencedor por qualquer outra instância que não o TSE. “Se o Lula ganhar no voto contado em outro canto, eu entrego a faixa feliz e contente”, declarou. A senha para a confusão está dada.