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Após quebra-quebra, hotel de Lula é totalmente cercado pela polícia

Protestos de bolsonaristas começaram com tentativa de invasão da PF após prisão de manifestante contrário à posse de Lula

Por Hugo Marques, Laryssa Borges, Marcela Mattos e Leonardo Caldas
Atualizado em 12 dez 2022, 22h22 - Publicado em 12 dez 2022, 21h03

Um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou, na noite desta segunda-feira, 12, invadir a sede da Polícia Federal, na região central de Brasília. Carros, contêineres e ônibus foram incendiados e houve quebra-quebra. O batalhão de choque da Polícia Militar atuou para conter os manifestantes. A poucos quilômetros dali, o choque da PM isolou parte do Eixo Monumental da cidade, nos arredores do o hotel onde está hospedado o presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que na tarde de hoje foi oficializado como legítimo vencedor das eleições de outubro.

Os atos de vandalismo começaram após o protesto contra a prisão de um cacique indígena apoiador de Bolsonaro e investigado por participação em atos antidemocráticos. A PF cumpriu nesta noite mandado de prisão temporária de dez dias determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Apoiadores do ex-capitão tentaram resgatar o indígena de dentro da sede da PF e, ato contínuo, a estratégia descambou para depredações, fogueiras e queima de automóveis, de ônibus e de lixeiras espalhadas pelo local. A polícia usa bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo para conter os manifestantes. Por volta das 21 horas, o prédio da Polícia Federal foi cercado por seguranças. Policiais disseram a VEJA tratar-se de uma “área conflagrada”.

Da sede da PF, os manifestantes avançaram para os arredores do estádio Mané Garrincha e do Shopping Conjunto Nacional e tentaram ultrapassar as barreiras policiais, espalhando as depredações e atirando paus e pedras contra a polícia. Os atos acontecem a exatos 20 dias para a posse de Lula à frente da Presidência da República e três dias após Jair Bolsonaro ter quebrado o silêncio. Diante de apoiadores na residência oficial do Palácio da Alvorada, o atual mandatário disse que “nada está perdido” e deu um recado: “quem decide o meu futuro e para onde eu vou são vocês”.

O alvo da ordem de prisão determinada por Alexandre de Moraes é José Acácio Serere Xavante, investigado por crimes de ameaça, perseguição e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. O cacique é personagem frequente em atos antidemocráticos realizados no Congresso Nacional, no Aeroporto Internacional de Brasília, em um shopping center e em frente ao hotel onde Lula está hospedado. A prisão, mas palavras da Procuradoria-geral da República, é o primeiro ato claro de protesto contra a posse de Lula e do vice Geraldo Alckmin. “A manifestação, em tese, criminosa e antidemocrática, revestiu-se do claro intuito de instigar a população a tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo a posse do presidente e do vice-presidente da República eleitos”, registrou a PGR.

Ainda segundo a Procuradoria-geral, o cacique indígena arregimenta apoiadores para cometer crimes e perseguir tanto Lula quanto os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, dois magistrados aos quais Bolsonaro atribui decisões judiciais que supostamente o impediriam de governar.

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Em uma rede social, o futuro ministro da Justiça do governo Lula, Flávio Dino, disse que são “inaceitáveis a depredação e a tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal em Brasília”. “Ordens judiciais devem ser cumpridas pela Polícia Federal. Os que se considerarem prejudicados devem oferecer os recursos cabíveis, jamais praticar violência política”, declarou.

Confira vídeos do ato:

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