Base de Bolsonaro manobra para adiar discussão sobre voto impresso
Deputado Filipe Barros pediu para alterar texto de seu relatório, evitando derrota iminente da proposta nesta sexta-feira, 16

O presidente da comissão especial da Câmara que analisa o voto impresso, deputado federal Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), encerrou a reunião nesta sexta-feira, 16, a pedido do relator da proposta Filipe Barros (PSL-PR). Antes da votação que poderia derrubar a proposta, Barros afirmou que pretendia fazer alterações em seu texto.
Martins, que também é da base de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, concordou e encerrou a tumultuada reunião com base em um artigo do Regimento Interno da Casa. A oposição, que contava com maioria para enterrar a proposta, protestou alegando que o prazo para alterações do relatório havia se esgotado.
Com a manobra, os deputados evitaram a derrota iminente da proposta que pretende instituir o voto impresso já nas eleições de 2022. O relator tem tido dificuldades em aprovar seu texto desde que a comissão teve sua composição modificada. Agora, o debate só será retomado após o recesso parlamentar, em agosto.
A aprovação da proposta perdeu força depois que líderes de onze partidos, inclusive da base de Bolsonaro, como Republicanos, PL, PP e PSL (ex-partido do presidente que abriga boa parte de sua base ideológica) passaram a se posicionar contra o tema e a trocar os seus representantes no colegiado.
Os líderes também se reuniram com Alexandre de Moraes, ministro do STF e futuro presidente do TSE nas eleições de 2022. O tema é um dos mais caros do presidente Jair Bolsonaro, que acusa, sem qualquer prova, o sistema eletrônico de ser fraudulento — e foi o pivô da pior crise entre o governo e o Supremo.
Em uma escalada de ataques, Bolsonaro ameaçou no dia 9 de julho a realização das eleições de 2022 se o voto impresso não for aprovado e chamou o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, de “imbecil” e “idiota” por se posicionar em defesa da urna eletrônica.
Mesmo uma nota do Tribunal Superior Eleitoral sugerindo que Bolsonaro poderia responder por crime de responsabilidade não foi capaz de parar o presidente, que, no sábado, 10, voltou a atacar Barroso.
Reportagem de VEJA desta semana mostra os bastidores do levante de ministros do Supremo para que o presidente do tribunal, Luiz Fux, tomasse providências acerca do comportamento do chefe do Executivo, que ensaiou um recuo.