Barroso: ‘inominável antissemitismo’ tenta relativizar atos do Hamas
Filho de mãe judia, presidente do STF diz que a Constituição tem dispositivos de repúdio ao terrorismo e de defesa da paz

Filho de mãe judia, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso foi procurado mais de uma vez, desde o início da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, para endossar abaixo-assinados e notas de repúdio contra a barbárie desencadeada a partir dos ataques a territórios israelenses no dia 7 de outubro. Preferiu não o fazer, mas, em entrevista às Páginas Amarelas da edição de VEJA que chega neste fim de semana às bancas e plataformas digitais, anunciou que enfim decidira se manifestar porque “a Constituição brasileira tem dispositivos de repúdio ao terrorismo, de defesa da paz e de busca da solução pacífica dos conflitos”.
“Matar indiscriminadamente pessoas inocentes, como fez o Hamas em Israel, tem nome: terrorismo. Só um inominável antissemitismo poderia procurar relativizar isso. É possível discordar duramente da política de Israel, mas jamais justificar a barbárie. Agora, a reação tem de ser proporcional, bem como respeitar o Direito Internacional e princípios humanitários. Ninguém deve abusar das próprias razões. Com o Hamas é impossível a paz porque a filosofia do grupo é a destruição de Israel e a erradicação do povo judeu. Mas eu espero que após essa tragédia e esse banho de sangue renasça a disposição de negociar um acordo de paz com a Autoridade Palestina, inclusive com Israel colaborando para dar sustentabilidade econômica ao Estado palestino. Israel venceu todas as guerras após ser atacado: 1948, 1956, 1968 e 1973. Quem vence é que deve ser generoso”, disse Barroso.
Na sexta-feira 10, depois de um mês de espera e expectativas frustradas de inclusão na lista de escolhidos para deixar a zona de conflito, 34 brasileiros e seus familiares foram autorizados a sair da Faixa de Gaza rumo ao Egito e, de lá, embarcar para o Brasil. A passagem de Rafah, por onde os estrangeiros têm deixado a região, é a única rota de entrada e saída de Gaza que não é controlada para Israel. Para que nacionais de outros países recebam aval para cruzar a fronteira é necessário que haja anuência do Egito, Estados Unidos, Israel e do Catar, emirado que atua como mediador junto ao Hamas.