Auxílio Brasil, pandemia e crime marcam início de debate Lula x Bolsonaro
No primeiro encontro do segundo turno, candidatos defendem programas de renda de seus governos e chamam um ao outro de mentiroso e ligado a criminosos

O investimento em programas de transferência de renda, a atuação do governo no combate à pandemia e a relação com o crime organizado deram o tom no início do debate entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro na Band neste domingo, 16, o primeiro do segundo turno presidencial
Na primeira pergunta, sobre orçamento, feita aos dois candidatos, ambos focaram suas respostas nos programas sociais. Bolsonaro prometeu manter a despesa com o Auxílio Brasil como permanente e disse que toda a bancada do PT votou contra o valor de 600 reais “porque eles não têm qualquer preocupação com os mais pobres”. Criticou também o antecessor do programa, o Bolsa Família, que, segundo ele, pagava menos para os benefícios.
Lula rebateu dizendo que o governo queria dar um valor menor e que foi o Congresso quem fez o benefício chegar a 600 reais. O petista disse que o Bolsa Família foi o “maior programa de distribuição de renda que esse país já teve” e não foi o único a atender a população mais pobre durante o seu governo. Lula também prometeu fazer uma reforma tributária para taxar menos os mais pobres e cobrar dos mais ricos.
No início do embate direto entre os candidatos, com 15 minutos para cada um, Lula perguntou quantas universidades e escolas técnicas Bolsonaro havia feito no seu governo. Bolsonaro não respondeu, preferindo falar de outros assuntos como pandemia e Auxílio Brasil.
Pandemia
O debate sobre a pandemia de Covid-19 tomou boa parte do confronto direto entre Lula e Bolsonaro no primeiro bloco do debate. O tema se iniciou a partir do questionamento do petista, que comparou a proporção de mortos na pandemia do Brasil com as mortes no mundo para acusar o presidente de negligência. Também lembrou das vezes em que Bolsonaro “debochou das pessoas morrendo da falta de oxigênio”, dos episódios de corrupção na compra de vacina levantadas durante a CPI e chamou os ministros da Saúde bolsonaristas de despreparados.
Em sua defesa, Bolsonaro disse que suas falas sobre a doença foram tiradas de contexto e que a CPI foi tocada por senadores “amigos” de Lula. Também argumentou que não havia vacinas sendo vendidas em 2020 (o que é mentira) e que não houve atraso na imunização no país. A troca de acusações chegou até o surto da gripo H1N1, em 2009, no momento em que o petista lembrou que seu governo vacinou 80 milhões de pessoas em três meses. Em comparação, Lula recordou que mais de 50 países do mundo iniciaram a vacinação contra Covid-19 antes do Brasil.
Crime organizado
Bolsonaro questionou Lula por que, enquanto presidente, ele não autorizou a transferência do líder do PCC, Marcos Herbas Camanho, o Marcola, para um presídio de segurança máxima na época em que Geraldo Alckmin, hoje seu vice, era governador de São Paulo. Bolsonaro falou, inclusive, num acordo entre o PT e Marcola e que o ex-presidente tem amizade com bandido. “Se Alckmin não fez, é porque ele não achou necessário”, rebateu o petista, que ainda lembrou que Bolsonaro não construiu nenhum presídio federal em seu governo.
O ex-capitão continuou explorando essa temática. Afirmou que Lula fez uma visita a uma favela do Rio de Janeiro e apontou para o fato de o petista não estar cercado por policiais. “Só tinha traficante. Tanto é verdade a sua afinidade com bandidos que, nos presídios do Brasil, a cada 5 votos, você teve 4. O Marcola foi flagrado falando isso”, disse Bolsonaro, citando uma fala descontextualizada sobre uma interceptação telefônica, cuja divulgação inclusive foi proibida pelo TSE.
Lula, por sua vez, respondeu que tem orgulho de ter coragem de entrar em favela sem colete à prova de balas, costume que diz ter desde os tempos de Presidência. E aproveitou para dizer que Bolsonaro é amigo de miliciano. “Fui no Complexo do Alemão, onde fizemos uma passeata. Não tinha bandido. Tinham homens e mulheres que trabalham. Bandido você sabe onde está. Tinha um vizinho seu que tinha mais de 100 armas dentro de casa”, afirmou o ex-presidente.