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As reações da esquerda e da direita à denúncia do MPF a Glenn Greenwald

Flávio Dino, do PCdoB, classificou acusação como 'terraplanismo jurídico'; Eduardo Bolsonaro diz que jornalista pode conhecer 'até a cadeia'

Por Da Redação Atualizado em 22 jan 2020, 11h49 - Publicado em 22 jan 2020, 11h42

A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o jornalista americano Glenn Greenwald, editor do site Intercepet Brasil, motivou ataques de um bom número de políticos de esquerda e elogios entre aqueles que se posicionam à direita. Em meio aos críticos, estão o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), o ex-presidente Lula, e a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB). Já o time de defensores conta com nomes como os deputados federais Eduardo Bolsonaro (sem partido) e Marco Feliciano (PSC), além do senador Alvaro Dias (Podemos). 

Sem ser investigado, Greenwald poderá responder pelos crimes de associação criminosa, interceptação telefônica e invasão de dispositivo informático alheio, na investigação que apura a atuação de hackers nas invasões de aplicativos de mensagens de autoridades da República.

Dino classificou a acusação como um tipo de “terraplanismo jurídico”, que está na moda em “tempos de trevas”. “Muito difícil sustentar juridicamente uma ação penal contra direitos constitucionais atinente ao sigilo de fonte no jornalismo e contra uma liminar do Supremo”, escreveu Dino no Twitter. Já o ex-presidente Lula prestou solidariedade a Glenn, a quem definiu como “vítima de mais um evidente abuso de autoridade contra a liberdade de imprensa e a democracia”. 

 

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Entre os que celebraram a decisão do MPF, Eduardo Bolsonaro reagiu com ironia: disse que Glenn, que “queria conhecer o país a fundo”, poderá agora “conhecer até a cadeia”. Já Feliciano afirmou que não adiantaria que Glenn corresse até a embaixada americana, “pois o Tio Trump” o esperava lá, em referência ao presidente dos Estados Unidos.

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Na ala de críticos, Manuela D´Ávila disse que a Polícia Federal (PF), “após longa investigação”, concluiu que Glenn “não cometeu nenhum crime e agiu com cautela”. “Estamos diante de um forte ataque à liberdade de imprensa”, defendeu. Em oposição, o senador Alvaro Dias (Podemos) definiu que Glenn “tem grandes chances de puxar uma longa cana”. “Um verdadeiro rosário de crimes praticados”, publicou na mesma rede social. 

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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), já havia se manifestado contra a denúncia nesta terça-feira 21, ao avalia-la como uma “ameaça à liberdade de imprensa“. “Jornalismo não é crime. Sem jornalismo livre não há democracia”, escreveu o deputado. 

Denúncia 

Em agosto do ano passado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes proibiu que a PF apurasse a atuação do jornalista no “exercício regular de sua profissão”. Por essa razão, ele não foi indiciado na conclusão do inquérito. No entanto, o procurador Wellington Divino de Oliveira teve um entendimento diferente. Segundo ele, durante a análise de um computador apreendido na casa de um dos hackers foi encontrado um áudio de uma conversa entre o estudante Luiz Molição, integrante da quadrilha, e Greenwald.

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No diálogo, segundo o MPF, o jornalista orienta o grupo a apagar as mensagens trocadas entre eles, “caracterizando clara conduta de participação auxiliar no delito, buscando subverter a ideia de proteção a fonte jornalística em uma imunidade para orientação de criminosos”.

Além de Greenwald, outras seis pessoas foram denunciadas: Walter Delgatti Netto, o ‘Vermelho’; Thiago Eliezer Martins Santos; Danilo Cristiano Marques; Gustavo Henrique Elias Santos; Suelen Oliveira, esposa de Gustavo; Luiz Molição.

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