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As precauções do Itamaraty em torno da reunião entre Lula e Trump

“Organizar um encontro com Trump é como tentar controlar uma panela de pressão destampada”, diz o editor José Benedito da Silva

Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Marcela Rahal Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 22 out 2025, 16h49

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcou para uma viagem pela Ásia em meio a uma crescente expectativa: um possível encontro com Donald Trump, marcado para ocorrer no domingo, na Malásia, no próximo domingo.

A reunião — se confirmada — promete ser um dos episódios mais imprevisíveis da política internacional recente. E justamente por isso, o Itamaraty tem tratado o tema com o máximo de cautela.

“Organizar um encontro com Trump é como tentar controlar uma panela de pressão destampada”, diz o editor José Benedito da Silva, no programa Ponto de Vista, de VEJA. “A diplomacia brasileira vem se preparando há meses para minimizar os riscos de exposição do presidente.”

Campo neutro e controle de danos

O encontro, caso se concretize, não ocorrerá na Casa Branca, mas em terreno neutro, durante a Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), da qual Lula participa como convidado.

Segundo Benedito, a escolha da Ásia faz parte da estratégia de controle de danos:

“Foi conduzido de forma correta. Um campo neutro reduz as chances de constrangimentos e evita que o encontro vire um espetáculo político, algo sempre possível quando se trata de Trump.”

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O Itamaraty, por sua vez, definiu previamente os temas da conversa: comércio, tarifas, investimentos e cooperação tecnológica. Nada de política, ideologia ou polarização.

Muita química, pouco resultado

Desde o breve encontro entre Lula e Trump em Nova York, durante a Assembleia da ONU, o Planalto vem explorando a narrativa da “boa química” entre os dois presidentes — reforçada por uma conversa telefônica e por gestos públicos de cordialidade.

Mas, na prática, nada mudou na relação bilateral.

“Até agora, só sorriso e tapinha nas costas. De concreto, absolutamente nada”, disse Benedito. “As tarifas seguem valendo, os vistos continuam suspensos e as sanções contra autoridades brasileiras ainda vigoram.”

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As tarifas impostas pelos EUA sobre produtos brasileiros, como o aço e o alumínio, permanecem inalteradas.

O que Lula quer arrancar de Trump

O grande desafio da diplomacia brasileira é transformar a reaproximação política em ganhos comerciais concretos. Entre os objetivos estratégicos do Brasil estão: a revisão das tarifas aplicadas a produtos brasileiros; negociações sobre as “terras raras”, minerais estratégicos que o Brasil possui em abundância e que são cruciais para a indústria tecnológica americana; acordos de cooperação industrial que possam atrair investimentos diretos.

“O golaço de Lula seria voltar da Ásia com algo concreto — uma readequação tarifária, uma parceria tecnológica ou um aceno de revisão de sanções”, observou Benedito. “Mas esse é um jogo difícil, porque Trump é imprevisível e negocia com base em instinto, não em protocolo.”

O desafio da diplomacia brasileira

Apesar da tensão, o governo acredita que há uma janela de oportunidade. A aproximação entre os dois líderes pode abrir espaço para o Brasil recuperar terreno em uma relação que esfriou desde a era Bolsonaro, marcada por atritos e desconfiança.

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“Lula fez gestos, Trump respondeu com elogios. Agora é a hora de testar se essa ‘química’ gera resultado. O empresariado brasileiro quer ação — e não afeto diplomático”, resumiu Benedito.

Como lembrou Marcela Rahal, apresentadora do Ponto de Vista, as empresas brasileiras afetadas pelo “tarifaço” esperam mais do que retórica:

“As indústrias não vivem de química. Elas precisam de medidas reais, de tarifas menores e acesso ampliado ao mercado americano.”

O teste final: química ou diplomacia vazia

O encontro na Ásia, se confirmado, será o primeiro entre Lula e Trump em formato bilateral desde o início do novo governo. O sucesso da reunião dependerá menos do carisma e mais da capacidade de arrancar resultados concretos — algo que a diplomacia brasileira ainda não conseguiu.

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“A relação até agora foi de simpatia, mas não de substância. O Brasil precisa sair da fase dos sorrisos e entrar na fase dos acordos”, concluiu Benedito.

Para Lula, o domingo na Malásia pode marcar um divisor de águas: ou o início de uma aproximação produtiva com Washington — ou mais uma cena de cortesia sem efeitos práticos, digna de uma diplomacia de tapinhas nas costas.

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