Amorim recorre a estratégia de ‘sinais’ de Bolsonaro na eleição do Rio
Candidato do União Brasil contratou ex-integrante do governo bolsonarista para atuar em sua campanha

Candidato do União Brasil à Prefeitura do Rio, o deputado estadual Rodrigo Amorim tem buscado associar sua imagem à de Jair Bolsonaro para crescer nas pesquisas de intenção de voto. Para isso, não só usa o verde e amarelo, adotado pelo ex-presidente, em seu material de campanha e o bordão “pátria, família e liberdade”, mas também contratou o ex-intérprete de Libras de Bolsonaro: Fabiano Guimarães, que já tentou, sem sucesso, se aventurar na política, é quem tem traduzido as propagandas de Amorim na televisão, além de seus eventos de campanha.
Nascido em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, Guimarães foi candidato a deputado federal pelo Republicanos no Distrito Federal, em 2022, mas não se elegeu. À época, já não trabalhava mais com a função que lhe deu projeção, ao aparecer repetidamente nas transmissões do então presidente. Em suas redes sociais, hoje divulga seu trabalho com serviços tradutórios e de acessibilidade, cursos de Libras, além de palestras e parcerias com empresas.
No perfil, ostenta ainda o trabalho como intérprete em outras campanhas do estado, tal qual a do candidato a prefeito de Niterói e deputado federal pelo PL, Carlos Jordy, assim como a afinidade com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro. Ele também montou sua própria cartela de vereadores, aos quais declara apoio entre suas publicações.
Aliança informal com PL
Próximo de membros da família Bolsonaro, como o senador Flávio, com quem já dividiu chapa no passado, Rodrigo Amorim lançou sua candidatura com o aval do clã, e tem atuado em harmonia com o postulante do PL, Alexandre Ramagem, na tentativa de desidratar o prefeito Eduardo Paes (PSD) — hoje, líder isolado nas pesquisas e em condições de vencer ainda no primeiro turno.
A aliança informal entre os dois adversários se materializa não só nos debates, em que a dupla costuma coordenar os ataques, mas também na família de Amorim. Seu irmão, Rogério, vereador do Rio filiado ao PL e próximo de Carlos Bolsonaro, não esconde para ninguém que vai votar em Ramagem, apesar da candidatura do irmão, com quem tem boa relação.
A estratégia passa pela necessidade de que o atual prefeito perca eleitores, para que um segundo turno seja possível. Na leitura das campanhas de Ramagem e Amorim, não bastaria apenas um crescimento do candidato do PL, como já ocorre, se os outros postulantes seguirem estagnados na barreira do 1% de intenção de voto. Até o momento, contudo, o plano não tem surtido o efeito desejado.