Ameaça a chefe da FAB aconteceu após Exército recuperar armas roubadas
Armamentos solicitados também coincidem, em parte, com o arsenal que havia sido levado de um quartel em São Paulo
Reportagem de VEJA desta edição mostra que o comandante da Aeronáutica, Marcelo Damasceno, recebeu uma carta na qual havia a exigência de uma série de armamentos pesados, com o detalhamento de data, local e formato da entrega do material. O documento, ao fim, trazia ameaças contra a vida dele e de seus familiares caso a ordem não fosse cumprida.
A carta é assinalada com as iniciais C.V, referência à facção criminosa Comando Vermelho. A Polícia Federal e o Centro de Inteligência da Aeronáutica abriram investigações para apurar o caso.
Entre quem acompanha as apurações, chama atenção o momento em que a carta foi registrada e chegou à casa do comandante. O documento tem a indicação de 23 de outubro. Quatro dias antes, o Exército recuperou parte do armamento que foi roubado do Arsenal de Guerra do Quartel em Barueri, em São Paulo.
Além disso, alguns dos armamentos solicitados ao chefe da FAB são os mesmos que foram roubados do quartel. Ao todo, foram levadas 21 metralhadoras. As investigações apontam justamente para a atuação de facções criminosas no caso que envolveu o Exército, entre elas, o próprio Comando Vermelho. Por isso, uma das possibilidades aventadas seria uma tentativa de compensar a devolução do material.
Como seria a entrega?
Na carta, detalha-se que o material deveria ser todo aportado dentro de um caminhão com a inscrição “Mudanças e frete”. O veículo deveria ser estacionado em uma rua localizada na Cidade de Deus, uma das mais conhecidas favelas do Rio de Janeiro, e estar com os vidros abertos, farol baixo, pisca alerta acionado, porta destravada e a chave na ignição. Toda, segundo o autor, teria de acontecer até às 6h do dia 11 de novembro.
O brigadeiro, claro, não obedeceu ao comando, e imediatamente encaminhou o material aos órgãos de investigação.
Outras hipóteses
Há, ainda, outras linhas de investigação e que afastam a atuação da facção criminosa no caso. Uma segunda frente de apuração trabalha com a hipótese de uma “produção interna”. A carta pode ter sido escrita por um militar, da ativa ou da reserva, que, por razões funcionais ou políticas, teve algum interesse contrariado e poderia estar tentando assustar o comandante. A terceira linha considera a possibilidade de o brigadeiro ter sido escolhido como alvo de extremistas.