Aliados evitam aderir à candidatura do governo Temer
Sem muito a oferecer na reta final do governo, presidente enfrenta dificuldade para convencer os partidos da base da adesão ao projeto eleitoral do MDB
O presidente Michel Temer (MDB) não conseguiu usar a reforma ministerial para amarrar os partidos de sua base aliada ao projeto eleitoral do MDB. Fragilizado após a Operação Lava Jato atingir amigos próximos e trazer de volta o risco de uma terceira denúncia pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Temer preferiu manter no governo partidos que lançaram pré-candidatos ou que já anunciaram apoio a outros presidenciáveis.
Sem o compromisso da base e sem muito a oferecer na reta final do governo, o presidente deu início, nas últimas semanas, à ofensiva para tentar atrair esses partidos para a sua órbita eleitoral. O emedebista passou a reunir presidentes dessas legendas para conversas sobre as eleições e fez questão de prestigiar jantares partidários para comemorar a entrada de novos filiados.
Na terça-feira passada, dia 10, Temer chamou o presidente do PRB, o ex-ministro Marcos Pereira, para sondar a possibilidade de o partido apoiar o projeto do MDB, seja ele próprio o candidato ou o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles. Não teve sucesso. O PRB manteve o comando do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços mesmo após lançar o empresário Flávio Rocha, dono das lojas Riachuelo, como pré-candidato à Presidência.
No mesmo dia, Temer participou de jantar do PR para saudar os novos deputados do partido. No encontro, cumprimentou os parlamentares um a um e discursou por 15 minutos, enaltecendo a aliança com a sigla, que ocupa o Ministério dos Transportes desde início do governo.
O PR passou a ser um dos partidos mais procurados por presidenciáveis após a condenação e prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O partido anunciou que, caso o ex-presidente consiga uma liminar para ser candidato, a sigla estará junto com o petista no pleito.
Na semana anterior, Temer já tinha participado de jantar na casa do presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI). A legenda tem dado suporte à pré-candidatura do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Enquanto a eleição não chega, Temer precisa de apoio da base aliada para aprovar matérias econômicas importantes no Congresso, entre elas, a privatização da Eletrobras e a reoperação da folha de pagamento. Enquanto isso, Meirelles deu início a uma agenda de viagens pelo país, para tentar emplacar sua pré-candidatura.