A indicação de Bolsonaro na disputa pelo governo do Rio
Ex-presidente já manifestou a Rodrigo Bacellar, possível candidato da direita, que não abre mão do vice; empreiteiro de Angra é o nome preferido

De Angra dos Reis, o empreiteiro Renato Araújo virou do dia para a noite nome cotado do PL a vice de Rodrigo Bacellar (União Brasil) na disputa pelo governo do Rio. Pouco conhecido dos fluminenses, o empresário, a princípio pré-candidato a deputado federal, foi indicado diretamente ao presidente da Alerj por Jair Bolsonaro, num movimento estratégico para manter o partido e uma pessoa de sua confiança na chapa majoritária. Araújo entrou na política apenas no ano passado, ao ser lançado pelo ex-presidente na briga pela prefeitura de Angra. Foi uma das eleições mais bélicas vistas no Rio de Janeiro e que acabou com a derrota do bolsonarista para Cláudio Ferreti (MDB), nome do ex-prefeito Fernando Jordão, que é ex-amigo de longa data de Bolsonaro e, curiosamente, também do PL.
A VEJA, o empreiteiro diz que “está à disposição do partido e do ex-presidente”, mas que segue trabalhando sua candidatura a federal. Uma fonte ligada a Bolsonaro afirma que o ex-presidente foi claro numa ligação a Bacellar: “o vice é meu”, frisou ele, há tempos cortejado pelo presidente da Alerj.
União da direita
A avaliação de Bolsonaro e seu entorno é de que hoje não há no Rio outro nome forte, além do político do União Brasil, para liderar a centro-direita numa campanha contra o prefeito Eduardo Paes (PSD). Isso inclusive dentro do PL, já que caciques como o senador Flávio Bolsonaro e os deputados Sóstenes Cavalcante e Altineu Côrtes não têm interesse em concorrer ao Palácio Guanabara. A certeza de um vice da legenda é uma forma também de acalmar os ânimos de quem ficou insatisfeito com a negociação entre Cláudio Castro e Bacellar, que deverá assumir até abril do ano que vem a cadeira de governador, controlando a máquina do estado durante a eleição. Alguns parlamentares do PL se queixam, nos bastidores, da saída do partido do comando do governo com uma candidatura de Castro ao Senado.
O poder nas mãos de Bacellar será possível graças à jogada que tirou de Thiago Pampolha (MDB), vice eleito com Castro, a possibilidade de chefiar o Palácio Guanabara e viabilizar sua candidatura. O emedebista, depois de meses de conversa, aceitou ser indicado a uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ).
Ligação forte com clã
Sobre a vaga de vice, a decisão não deve sair por agora, mas Araújo é uma aposta do ex-presidente. O empresário virou amigo de Flávio Bolsonaro há cinco anos, e, com o tempo, passou a fazer parte do séquito do ex-presidente. Apesar da derrota no ano passado, numa eleição em que os Bolsonaro investiram todas as suas fichas, ele ficou ainda mais próximo do clã. Tanto que Bolsonaro, toda vez que vai a Angra, onde possui há três décadas uma casa na Vila Histórica de Mambucaba, circula para cima e para baixo de jet ski com Renato. É na cidade que costuma acontecer o beija-mão com aliados. Bacellar é um que já foi até o município em busca de apoio.
Araújo, ao se aventurar no campo político, acabou envolvido em polêmicas. Ele coordenou a reforma da casa de Bolsonaro, que teria custado R$ 900 mil e sido tocada pela empresa de um cunhado do empreiteiro. Durante a campanha, fez acusações e também foi alvo de denúncias, como a de que possui um diploma de engenheiro fornecido por uma faculdade descredenciada pelo MEC. Araujo sempre negou qualquer irregularidade. Sua empresa também começou a construir um condomínio à beira-mar na cidade que foi embargado pela prefeitura por oferecer “risco de deslizamento e inundação”. Em sua defesa, o político do PL disse a VEJA no ano passado que se tratava de uma decisão política do governo local.